Sessão Assíncrona


SA13.1 - POPULAÇÃO LGBTQIA+: INTERSECCIONALIDADE, DIREITOS HUMANOS E CUIDADO EM SAÚDE (TODOS OS DIAS)

38377 - PREVENÇÃO DO HIVAIDS ENTRE EGRESSOS DE PROJETOS SOCIAIS DE UMA FAVELA NO RIO DE JANEIRO: LIÇÕES E DESAFIOS
VANESSA DO NASCIMENTO FONSECA - FIOCRUZ, SIMONE MONTEIRO - IOC/FIOCRUZ, MARCOS NASCIMENTO - IFF/FIOCRUZ


Apresentação/Introdução
As atuais respostas do governo brasileiro à Aids têm se caracterizado principalmente pela estratégia Testar e Tratar e pela oferta das profilaxias pré e pós exposição. Embora tragam importantes benefícios, tal enfoque não tem contemplado intervenções estruturais e comportamentais, voltadas para redução das condições de vulnerabilidade ao HIV, já ocorridas no Brasil em períodos anteriores.

Objetivos
Analisar as contribuições de determinadas intervenções sociais, realizadas em décadas passadas, na trajetória de vida, na prevenção do HIV/Aids e no cuidado da saúde sexual dos sujeitos alvos dessas ações.

Metodologia
Trata-se de um estudo socioantropológico que analisou a trajetória de vida de 10 moradores da favela da Maré, no Rio de Janeiro, na faixa de 30 a 40 anos que, no início dos anos 2000 – ou seja, durante a sua juventude –, integraram projetos sociais locais voltados para promoção da saúde sexual e reprodutiva, participação comunitária e protagonismo juvenil. Além de entrevistas individuais com egressos(as) dos projetos sociais -- 5 homens e 5 mulheres, sendo três LGBTQIA+ --, a pesquisa envolveu levantamento e análise de documentos sobre os fundamentos e ações dos projetos dos quais os(as) entrevistados(as) eram egressos(as) e entrevistas com membros das suas equipes de coordenação.

Resultados
Os depoimentos indicaram que a participação nos projetos sociais colaborou para ampliar as perspectivas de vida dos(as) egressos(as). As parceiras locais, a abordagem dos direitos humanos, a crítica às desigualdades sociais e de gênero, o diálogo e o estímulo à participação juvenil forneceram subsídios para que seus integrantes exercessem, na fase adulta, relações de gênero mais igualitárias e não abusivas, adiassem a maternidade/paternidade e adotassem práticas de prevenção ao HIV/demais IST. A participação nos projetos igualmente ampliou o acesso ao ensino superior e as condições socioeconômicas dos egressos. Ademais, influenciou nas suas escolhas e inserção profissional.

Conclusões/Considerações
A participação em projetos sociais na juventude favoreceu a redução das condições de vulnerabilidade social e ao HIV de seus egressos. Tais achados podem orientar novas ações, capazes de contribuir para o enfrentamento de fatores associados ao aumento de casos de HIV/Aids entre jovens, como a pobreza, a marginalização social e a ausência de espaços de diálogo e aprendizado sobre gênero, direitos, sexualidade e saúde sexual e reprodutiva.