23/11/2022 - 08:30 - 10:00 OL2 - OUTRAS LINGUAGENS 2 |
43740 - BLOG JUNTAS NA PANDEMIA: EXAUSTÃO, DESIGUALDADE E ESPERANÇA COSTURAM MEMÓRIAS DE MULHERES NA CRISE SÓCIO-SANITÁRIA NANDA DUARTE - IFF/FIOCRUZ, ANA PAULA DOS REIS - ISC/UFBA, CLAUDIA BONAN - IFF/FIOCRUZ, CECÍLIA MCCALLUM - ISC/UFBA, ANDREZA RODRIGUES - EEAN/UFRJ, ULLA MACEDO - IGM/FIOCRUZ BAHIA, DENISE NACIF PIMENTA - IRR/FIOCRUZ, ANA CAROLINE DA SILVA DUTRA - UFRJ, HANNAH DE BARROS CASTRO - UFBA, JAMILE VALENÇA RESENDE MERCÊS - UFBA
Apresentação/Introdução O inquérito online da pesquisa Pandemia de Covid-19 e práticas reprodutivas de mulheres no Brasil foi respondido por 8.313 mulheres. Destas, quase duas mil se expressaram na questão “aberta” e mais de 3 mil manifestaram interesse em seguir participando das etapas qualitativas. Em resposta a este desejo de compartilhar experiências manifestado pelas participantes, nasceu o blog Juntas na Pandemia.
Objetivos Apresentar por meio de vídeo - modalidade artes visuais - o projeto Juntas na Pandemia, que reúne narrativas de diferentes mulheres sobre os efeitos da pandemia em suas vidas.
Metodologia O estudo foi realizado pelo Grupo RepGen. Após o inquérito online, em 2021, as mulheres que deixaram contato foram convidadas a escrever sobre a vida na pandemia, com foco em saúde sexual e reprodutiva. As contribuições, coletadas pelo RedCap, foram caracterizadas por idade, estado, raça/etnia e escolaridade e publicadas sob pseudônimo no blog. Para este trabalho, foram consideradas as primeiras 82 publicações para análise de narrativas, buscando identificar como se articulam as dimensões do cuidado e da vida doméstica, laboral e afetiva-sexual das mulheres. Alguns relatos foram interpretados por artistas e ativistas convidadas e integram vídeo de dez minutos (em mp4) sobre o projeto.
Resultados As narrativas constroem sentidos sobre um período ora angustiante, sobretudo pelas incertezas do início da crise, ora esperançoso com um novo momento, em que a vacinação se torna um marcador narrativo da possibilidade de retomada. O medo da Covid-19 se faz presente como condutor de decisões tomadas no período: não se relacionar afetiva/sexualmente com ninguém, suspender planos, evitar serviços de saúde mesmo com sintomas de algum agravo, etc. O desemprego e a sobrecarga no trabalho doméstico aparecem relacionados a problemas de saúde mental e emocional. Mães em distintos arranjos conjugais apontam a pandemia como momento de percepção da desigualdade de gênero no trabalho de cuidar.
Conclusões/Considerações Sem políticas públicas sensíveis às desigualdades de gênero, o trabalho doméstico e de cuidados ampliado pela pandemia foi relegado às mulheres, comprometendo especialmente aquelas sem rede de apoio pessoal e em vulnerabilidade social e traduzindo-se em exaustão como ponto comum de diferentes narrativas. Tomados em conjunto, os relatos constroem uma memória colaborativa sobre os desafios que as mulheres do Brasil precisaram enfrentar na pandemia.
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