SA7.4 - SAÚDE DO TRABALHADOR II (TODOS OS DIAS)
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39442 - CONEXÕES ENTRE PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO E PRÁTICAS ALIMENTARES: UM OLHAR VOLTADO A ENTREGADORES DE APLICATIVOS NA PANDEMIA DE COVID-19 MELISSA YASMIN ALVES TARRÃO - CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO, FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (FSP/USP), BEATRIZ OLIVEIRA SANTOS - CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO, FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (FSP/USP), BÁRBARA HATZLHOFFER LOURENÇO - DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO, FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (FSP/USP)
Período de Realização Agosto de 2020 a janeiro de 2022.
Objeto da experiência Práticas alimentares de entregadores de aplicativos, permeadas por suas relações trabalhistas, à luz do Direito Humano à Alimentação Adequada.
Objetivos Refletir conexões entre alimentação e precarização do trabalho, a partir da análise de registros encontrados em matérias e notícias dos jornais O Globo, The Intercept, Folha de São Paulo e Valor, que expuseram essa temática do ano de 2020 em diante.
Metodologia Registros de práticas alimentares e condições de trabalho de entregadores de aplicativos durante a pandemia de COVID-19 foram analisados na perspectiva da Sociologia do Trabalho, do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) segundo a Política Nacional de Alimentação e Nutrição, e do Guia Alimentar para a População Brasileira (GAPB, capítulos 1 "Princípios" e 4 "O ato de comer e a comensalidade"). A análise foi relacionada a discussões acadêmico-científicas na temática.
Resultados Entregadores de aplicativos não têm acesso garantido a direitos trabalhistas e cumprem longas jornadas de trabalho, ultrapassando 12 horas por dia, com grande exposição ao vírus da COVID-19. No cotidiano de trabalho, não possuem acesso regular a alimentos em quantidade e qualidade suficientes, comum o consumo de alimentos ultraprocessados. Os locais para realização das refeições não são adequados e diversas estratégias são reportadas para driblar a sensação de fome.
Análise Crítica Os registros podem ser compreendidos através da situação de precarização do trabalho, na medida em que políticas públicas de alimentação e nutrição que garantem o acesso regular e permanente de alimentos aos trabalhadores são enfraquecidas com a perda dos direitos trabalhistas. As práticas alimentares são inadequadas na perspectiva do DHAA e de recomendações do GAPB. Ainda, o sistema alimentar do qual fazem importante parte não se baseia em relações socialmente justas.
Conclusões e/ou Recomendações As relações de trabalho afastam os entregadores da sua conexão com a comida, por ausência ou insuficiência do alimento e práticas alimentares que reduzem o ato de comer a “matar a fome” quando possível, em sistema alimentar pouco sustentável. Os desdobramentos dessa discussão devem apontar as potencialidades da alimentação em promover a humanização das relações trabalhistas, com atenção aos danos à saúde pelas condições laborais atuais.
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