Comunicação Coordenada

22/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC13.13 - POPULAÇÃO LGBTQIA+, CUIDADO E DIREITOS HUMANOS NA SAÚDE – 3

41059 - ASSOCIAÇÃO ENTRE MIGRAÇÃO INTERNA NO PAÍS E TRABALHO SEXUAL ENTRE TRAVESTIS E MULHERES TRANS NO NORDESTE DO BRASIL.
BEO OLIVEIRA LEITE - INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA, UFBA, LAIO MAGNO - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA, UNEB, FRANCISCO INÁCIO BASTOS - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, INES DOURADO - INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA, UFBA


Apresentação/Introdução
O trabalho sexual é uma das poucas opções para a estabilidade e sobrevivência de muitas travestis e mulheres trans (TrMT) que enfrentam discriminação e barreiras de acesso ao mercado de trabalho formal. As trajetórias de migração interna de TrMT dentro no próprio país podem estar relacionadas à fuga de contextos de violência, estigma e discriminação e busca de novos mercados de trabalho sexual.

Objetivos
Investigar a associação entre migração interna e trabalho sexual entre TrMT de três capitais do Nordeste do Brasil.

Metodologia
Trata-se de um estudo transversal com 864 TrMT recrutadas em 2016 em Salvador, Recife e Fortaleza. Todas as participantes responderam um questionário estruturado. A migração interna foi definida com 3 categorias (não migrante vs. migrantes entre 1-5 anos de residência [local de destino] vs. migrantes com mais de 5 anos de residência). O trabalho sexual na vida foi definido com 2 (Não vs. Sim) e 3 (nunca vs. na vida vs. último mês) categorias. Para estimar a associação foram utilizados de regressão logística binária e de odds (chance) proporcional (MOP), ajustados por potenciais variáveis confundidoras. O MOP assume um efeito constante, obtendo-se uma odds acumulada nas categorias do desfecho.

Resultados
As TrMT migrantes possuem chances 2,21 vezes maiores (IC95%:1,28-3,22) de já ter realizado trabalho sexual na vida quando comparadas às não migrantes, ajustado por escolaridade, renda, qualidade de vida e discriminação de gênero. Para as TrMT migrantes com 1-5 anos de residência comparada às não migrantes, observa-se uma maior chance de o trabalho sexual ser recente: a realização do trabalho sexual no último mês foi 2,11 vezes (IC95%:1,08-4,18) maior em relação às categorias combinadas de trabalho sexual na vida e nunca ter realizado, assim como ter realizado trabalho sexual no último mês + ter realizado na vida é 2,11 vezes maior em relação a nunca ter realizado.

Conclusões/Considerações
A associação crescente e proporcional entre migração interna e realização de trabalho sexual pode indicar: a dinâmica de busca de mercados sexuais em outras cidades (1); ou a falta de acesso ao emprego formal após a migração, e a prostituição ser uma alternativa viável de busca de estabilidade (2). Tais contextos podem apontar para produção de políticas de regularização do trabalho sexual e/ou que ofereçam acesso digno a outras oportunidades de trabalho.