SA11.4 - MÚLTIPLAS ABORDAGENS DA FORMAÇÃO EM SAÚDE (TODOS OS DIAS)
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44035 - LIGA ACADÊMICA DE SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA: REFLEXÕES ACERCA DOS CUIDADOS EM SAÚDE EM UM QUILOMBO DA ZONA METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE CAROLINA SANTIAGO FERNANDES - UFMG, HIAGO DANIEL HERÉDIA LUZ - UFVJM, JULIA RODRIGUES COSTA - FCMMG, TIAGO USIEL DA SILVA XAVIER - UFMG, MARINA LÚCIA DE OLIVEIRA NASCIMENTO - UFMG, GABRIELLY SOUZA SENA - UFMG, LETÍCIA HELENA BRAGA MIRANDA - UFMG, UNAÍ TUPINAMBÁS - UFMG
Período de Realização As ações no Quilombo dos Arturos ocorreram nos meses de agosto a novembro de 2021.
Objeto da experiência O objeto da experiência foram os alunos integrantes da Liga de Saúde da População Negra da Faculdade de Medicina da UFMG.
Objetivos Descrever a experiência dos discentes no Quilombo dos Arturos. Analisar como o contato com uma comunidade de saberes tradicionais - e cujo fornecimento de saúde advém majoritariamente do Sistema Único de Saúde através do modelo de Atenção Primária à Saúde (APS) - influência na prática médica.
Metodologia Foram realizadas visitas ao Quilombo nos dias 28 de agosto e 30 de outubro de 2021, ambas guiadas pela liderança local. O espaço físico da Comunidade foi apresentado, com enfoque nos espaços coletivos citados como mais importantes. Houve o diálogo entre a comunidade e os discentes, acerca da história e formação do quilombo, além das preocupações em relação à saúde. As informações passadas foram registradas e posteriormente compartilhadas em roda de conversa em sessão interna da Liga.
Resultados Evidenciou-se que os espaços coletivos são de grande importância para a comunidade - sediam troca de saberes e transmissões da história local. A religiosidade, ligada à Nossa Senhora do Rosário, influencia as relações sociais, reforça o senso comunitário e promove ações de bem-estar e saúde. Foi relatado que doenças crônicas, como a hipertensão, estão altamente ligadas à morbidade da população. Notou-se o afastamento da APS, em decorrência de vivências racistas e sensação de negligência.
Análise Crítica O forte senso de comunidade presente reforça a importância de uma educação em saúde que paute e respeite as características étnico-raciais e costumes, vez que, o aprendizado tipicamente passa por reforço local. Assim, é vital que a promoção do autocuidado seja intrinsecamente consoante a cultura local. Isso só pode se dar por meio de uma construção coletiva entre membros da comunidade local e profissionais socialmente capazes, considerando o embate entre academicismo e saberes tradicionais.
Conclusões e/ou Recomendações Este relato reforça a importância de políticas públicas efetivas que cumpram a proposta de alinhar as variadas formas de conhecimento, sem a imposição de um modelo de saúde focado na doença, para que através destas seja possível aprimorar as condições de saúde no quilombo. Ademais, as visitas reforçaram nos ligantes a responsabilidade dos profissionais de saúde no que tange o acolhimento e consequente aproximação do usuário ao Serviço Único de Saúde.
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