Comunicação Coordenada

21/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC5.25 - EXPERIÊNCIAS E DESAFIOS NO ENFRENTAMENTO À COVID-19

40542 - PANDEMIA DE COVID 19: ANÁLISE DE CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS) DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO EM TERRITÓRIOS VULNERÁVEIS
ADRIANA COSER GUTIÉRREZ - FIOCRUZ, ADILSON ROCHA CAMPOS - UNICAMP, ANA CAROLINA DOS SANTOS RANGEL PEREIRA - SMS RJ, BRENDA FREITAS DA COSTA - SMS RJ, GASTÃO WAGNER DE SOUSA CAMPOS - UNICAMP, JOYCE ALVES NAHOUM - SMS MARICÁ, MARCELA SILVA DA CUNHA - SES RJ, MAURICIO PEREIRA DE MATTOS - SMS MARICÁ, PATRICIA DOS SANTOS DA COSTA - SMS RJ, RAFAELA DE OLIVEIRA LOPES DA SILVA - SMS RJ


Apresentação/Introdução
Parte-se do pressuposto que a APS no município do Rio de Janeiro, mesmo antes da pandemia, já vinha sofrendo um processo de desmonte, com supressão de equipes e atraso de salários, ocasionando greves. O cenário se agrava com o início da pandemia impulsionando a necessidade de reorganização do processo de trabalho na APS. Esse estudo se propõe a analisar como o contexto influenciou novas práticas.

Objetivos
Identificar documentos orientadores do processo de trabalho na APS elaborados no contexto da pandemia na cidade do Rio de Janeiro.
Analisar o contexto a partir de entrevistas realizadas com usuários e trabalhadores em quatro territórios vulneráveis.


Metodologia
Relato de experiência da pesquisa apoio, qualitativa multicêntrica “Estratégias de abordagem dos aspectos subjetivos e sociais na Atenção Primária no contexto da pandemia”. Foram analisados documentos orientadores públicos e material jornalístico, produzidos nos últimos 20 anos, organizados numa linha do tempo. O estudo realizou 38 entrevistas em profundidade, com trabalhadores e usuários da APS. A partir de construção de narrativas feitas com os relatos dos entrevistados, os discursos foram categorizados em grades interpretativas, divididos por núcleos argumentativos. A articulação da análise documental com as entrevistas foi realizada para ampliar a compreensão do contexto dessa pesquisa.

Resultados
Em consonância com a ausência de coordenação das ações de enfrentamento da Covid 19 pelos governos federal e estadual, o município do Rio de Janeiro inicialmente não priorizou a organização da APS. Em 2020 foram identificadas 31 notas técnicas e criação de equipes de resposta rápida; no entanto também houve insuficiência de EPIs e muita fragilidade nos processos de trabalho, agravados por uma disputa eleitoral e denúncias de corrupção. Empobrecimento da população, exaustão dos trabalhadores, violência armada nos territórios, ausência de testes, demora na chegada das vacinas também fizeram parte desse contexto. A mudança de gestão e início da vacinação impulsionaram novas práticas na APS.



Conclusões/Considerações
Percebeu-se que mesmo que no ano de 2020 houvesse uma produção intensa de notas técnicas, isso não foi suficiente para induzir processos de cogestão nesses territórios. A pandemia não impediu que a violência armada estivesse presente. A fragilidade da coordenação do Estado para enfrentamento da pandemia provocou a autogestão das unidades de atenção primária quanto da própria população, com o surgimento de coletivos locais.