22/11/2022 - 13:10 - 14:40 CC1.11 - SAÚDE, AMBIENTE E SOCIEDADE: MÚLTIPLAS ABORDAGENS III |
40794 - CUIDADOS À SAÚDE DE UMA COMUNIDADE QUILOMBOLA EM TEMPOS DE PANDEMIA DA COVID-19: SABERES E FAZERES JUNTO A SAÚDE DA FAMÍLIA LETÍCIA DE ASSIS SANTOS - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - CAMPUS DE RIO DAS OSTRAS, HAYDA ALVES - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - CAMPUS DE RIO DAS OSTRAS., MARIA RAIMUNDA PENHA SOARES - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - CAMPUS DE RIO DAS OSTRAS, RUTE RAMOS DA SILVA COSTA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, MACAÉ.
Apresentação/Introdução A crise sanitária e social aprofundada pela pandemia da Covid-19, afeta diretamente e desproporcionalmente grupos vulnerabilizados. O modelo hospitalocêntrico e biomédico hegemônico no enfrentamento da pandemia negligencia os saberes e as práticas populares de cuidado à saúde acumulados pelas comunidades rurais. Estes, precisam ser integrados ao trabalho da Estratégia de Saúde da Família (SF).
Objetivos Compreender como trabalhadores da SF de uma comunidade quilombola reconhecem, valorizam e integram saberes e práticas de cuidados à saúde desta comunidade à prática profissional da SF em tempos de pandemia da Covid-19.
Metodologia Este trabalho é parte de uma pesquisa-ação participativa em saúde que aborda saberes populares do campo em tempos de pandemia da Covid-19, desenvolvida desde junho/2020 em diferentes territórios rurais do estado do Rio de Janeiro, entre estes, uma comunidade quilombola localizada no município de Quissamã, RJ. Nesta etapa, realizamos coleta de informações sobre Covid-19 (anos de 2020 e 2021) junto à Vigilância Epidemiológica de Quissamã e uma roda de conversa junto a trabalhadores da SF de Machadinha. Para os dados qualitativos empregamos a análise temática e nos apoiamos em leituras de Paulo Freire e Lélia González. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética da UFF: n°4.271.819/2020.
Resultados A despeito da pesquisa no território informar saberes ancestrais ligados à natureza e ao lugar, produzidos, memorizados e transmitidos principalmente por mulheres, além de práticas comunitárias indentitárias do Quilombo, os trabalhadores da SF reconhecem um distanciamento do trabalho da equipe em relação a tais práticas. Na pandemia, a equipe privilegiou disseminar informações sobre proteção individual contra o coronavirus, sem dialogar com as práticas locais de cuidado e alcançar, dessa forma, a dimensão comunitária [e seus sentidos] para o cuidado à saúde no território. Houve uma adesão importante da comunidade à vacinação contra Covid-19 como um direito legítimo do Ser quilombola.
Conclusões/Considerações Apesar das potencialidades da SF na superação do modelo tradicional de cuidado, existem importantes desafios para integralidade da atenção à saúde no território estudado, em que pese reconhecer, dialogar e integrar o cuidado profissional aos saberes e práticas circulantes no lugar. Isso compromete o protagonismo da comunidade e a efetividade do cuidado. São desperdiçados saberes e experiências de cuidado, memórias identitárias do Ser quilombola.
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