SA11.2 - SAÚDE COLETIVA: DESAFIOS PEDAGÓGICOS (TODOS OS DIAS)
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39323 - INDÍGENAS NO CURSO DE MEDICINA EM UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA DO INTERIOR DE SÃO PAULO: PERFIL DOS 15 ANOS DE EXPERIÊNCIA VANDICLEY PEREIRA BEZERRRA - UFSCAR, LEONNARDO DE SOUZA MELO FERREIRA - UFSCAR, WILLIAN FERNANDES LUNA - UFSCAR
Apresentação/Introdução Ações afirmativas favoreceram a presença de indígenas no ensino superior, como em uma universidade federal do interior de São Paulo, que em 2007 implantou vagas suplementares e vestibular específico. Desde então, há presença de indígenas na escola médica, habitualmente composta por pessoas brancas e com renda elevada. Nesses quinze anos, pouco se investigou sobre perfil e trajetórias desses indígenas.
Objetivos Realizar levantamento sobre o perfil dos indígenas que ingressaram no curso de Medicina em uma universidade pública, de 2007 a 2022, reconhecendo a trajetória histórica desses estudantes quanto à permanência, evasão e conclusão do curso.
Metodologia Pesquisa de abordagem quanti-qualitativa. Mapeou-se os indígenas que ingressaram no curso de Medicina através de documentos na Pró-reitora de Graduação, Coordenadoria de Apoio Pedagógico e secretaria do curso. Procedeu-se com contato individual, via redes sociais, e-mail e telefone, com convite para participar da pesquisa. Por meio de questionário enviado aos indígenas identificados, levantarem-se informações relacionadas à trajetória histórica e perfil desses sujeitos quanto ao gênero, origem, povo, idade. Os 3 estudantes que não concluíram o curso não responderam. Na próxima etapa, serão realizadas entrevistas individuais com egressos e atuais estudantes, bem como uma roda de conversa.
Resultados Nos 15 anos, observou-se que, dos 576 estudantes no curso de Medicina, 14 (2,4%) eram indígenas, tendo ingressado por vaga suplementar reservada a indígena. Dois ingressaram no período da pandemia de COVID-19, período de atividades não presenciais. Tinham idade entre 18 a 42 anos no ingresso, sendo 9 homens e 5 mulheres, dois deles com filhos. Quanto à origem, 8 de Pernambuco, 2 do Amazonas, 2 do Espírito Santo, 1 do Acre e 1 de São Paulo. Houve estudantes dos povos: Pankará, Xucuru de Cimbres, Huni-Kuin, Tikuna, Tariano, Tupinikim, Pankararu, Atikum-Umã e Xucuru do Ororubá. Concluíram o curso 5 dos ingressantes, 6 estão atualmente na graduação e 3 se desligaram antes de se graduarem
Conclusões/Considerações O ingresso foi anual e exclusivo por vagas reservadas à indígenas, não ocorrendo pela lei de cotas. São provenientes de outros estados devido à ausência de ações afirmativas em diversas regiões. A maior parte permanece e progride no curso, mesmo com duração maior da graduação, todavia se desconhece os motivos de alguns se desligarem. Evidencia-se a necessidade de vagas reservadas para indígenas para possibilitar o ingresso no curso de Medicina.
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