Sessão Assíncrona


SA11.1 - EDUCAÇÃO NA SAÚDE (TODOS OS DIAS)

42945 - O CURRÍCULO FORMAL E O ATENDIMENTO AS PESSOAS NEGRAS NA PRÁTICA CLÍNICA: A PERCEPÇÃO DISCENTE DE UM CURSO DE MEDICINA DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA
MARYELLE FERNANDES BARROS - UFAL, WALDEMAR ANTÔNIO DAS NEVES JÚNIOR - UFAL, ÉRICA PATRÍCIA ORTET TAVARES - UFAL


Apresentação/Introdução
O racismo deve ser considerado como um determinante social de saúde, pois gera iniquidades e disparidades multidimensionais tanto na qualidade quanto no acesso aos serviços públicos de saúde pela população negra. A sua discussão na formação médica é primordial para que possa contribuir na minimização de práticas discriminatórias como nos prejuízos sofridos por esta população na prática clínica.

Objetivos
Esta pesquisa teve como objetivo analisar se o currículo formal prepara os/as estudantes para o atendimento das pessoas negras na prática clínica em um curso de medicina de uma universidade pública.

Metodologia
Trata-se de um estudo observacional analítico do tipo transversal. A coleta dos dados foi composta pela leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e em seguida a aplicação do questionário estruturado aos discentes do curso de Medicina de uma faculdade pública. Este último continha assertivas com questões sobre como os discentes percebem as desigualdades sociais relevantes para a prática clínica enfrentadas por pessoas negras. Foi utilizada a escala de Likert variando de: (1) concordo totalmente, (2) concordo parcialmente, (3) discordo parcialmente e (4) discordo totalmente. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com o CAEE nº 48057321.4.0000.5013.

Resultados
Do total de 123 participantes, 44,72% se auto declararam brancos, 38,21% pardos e 14,63% negros. Verificamos que as respostas dos estudantes se equivalem estatisticamente com relação como “o currículo formal do meu curso me prepara para atender com segurança e competência pacientes negros/as”, e obtivemos 48% das respostas somadas (25,2% discordaram totalmente e 22,8% discordaram parcialmente), contra 52% (41,5% concordaram parcialmente e 10,6% concordaram totalmente). Porém na prática, percebemos que 95% do total de estudantes (91% discordaram totalmente e 4,1% discordaram parcialmente) discordam que “o curso possua professores/as que abordam a saúde e o atendimento às pessoas negras”.

Conclusões/Considerações
Observa-se uma nítida discordância entre como o currículo formal preparara os/as estudantes e como estes são preparados a atender na prática clínica as pessoas negras durante o curso. Isto pode demonstrar uma insegurança dos professores em saber lidar com questões étnico raciais, tendo se em vista a não incorporação das discussões sobre as políticas públicas da saúde da população negra como obrigatórias dentro do currículo médico.