SA11.1 - EDUCAÇÃO NA SAÚDE (TODOS OS DIAS)
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38500 - FORMAÇÃO PARA O SUS POR ENTIDADES BENEFICENTES: CONFORMAÇÕES À LÓGICA DA EDUCAÇÃO SOB O CAPITAL JULIANA FONSECA DE OLIVEIRA MESQUITA - ESP-MG, CARLA MACEDO MARTINS - EPSJV/FIOCRUZ
Apresentação/Introdução A formação dos trabalhadores da saúde para o Sistema Único de Saúde (SUS) é ofertada por diversas instituições (públicas e privadas), entre as quais se situam as entidades beneficentes. A análise das concepções de ser humano e de formação destas instituições, à luz de uma perspectiva crítica sobre a relação trabalho-educação (Saviani, 2008), se mostra fundamental para o campo da Saúde Coletiva.
Objetivos A pesquisa objetivou analisar as concepções de formação que orientam os cursos ofertados aos trabalhadores do SUS por uma entidade beneficente participante do PROADI-SUS.
Metodologia A partir da perspectiva histórico dialética, na qual a compreensão da totalidade do problema levantado e o reconhecimento dos sujeitos como históricos se faz presente, a pesquisa selecionou, como corpus, os Cadernos de Curso produzidos entre 2015 e 2016 de sete cursos de Especialização e um de Mestrado Profissional, ofertados pelo Hospital Sírio Libanês com recursos do PROADI-SUS. A análise se efetuou a partir de uma grade abordando as seguintes dimensões: Concepção de formação para a Saúde; Currículo; Aspectos didáticos-pedagógicos. Nestas dimensões, efetuou-se a análise discursiva (Orlandi, 2009), objetivando identificar incorporações, reproduções e reapropriações de teorias educacionais.
Resultados O construtivismo foi identificado como a concepção reproduzida nos Cadernos, especialmente através da utilização expressões próprias dessa corrente: o aprender a aprender e o aprender no coletivo. Contudo, concluiu-se que os Cadernos reforçam os comportamentos observáveis como garantia de que o trabalhador reproduza as competências a serem adquiridas, aproximando, através de paráfrases, polissemias e sinonímias, concepções progressistas e pedagogia das competências (Ramos, 2006). Constatou-se a legitimação das concepções (neo)pragmatista e (neo)tecnicista, bem como o reforço dos aspectos individualizantes da teoria do capital humano e da pedagogia das competências.
Conclusões/Considerações A análise do material revelou concepções de ser humano e de formação inscritas no capitalismo (neoliberal) e em uma teoria do capital humano reapropriada, educando o trabalhador para o conformismo, e não para a transformação da realidade social e a problematização das vivências. Assim, tais formações não convergem para as necessidades de saúde dos territórios, circunscrevendo a ação dos profissionais ao aperfeiçoamento do trabalho sob o capital.
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