SA13.6 - PERSPECTIVA ETÁRIA, PROFISSIONAIS DE SAÚDE, FORMAÇÃO E CUIDADO (TODOS OS DIAS)
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43845 - PERCEPÇÃO DE DISCRIMINAÇÃO COTIDIANA ENTRE ESTUDANTES DE MEDICINA DE UMA INSTIRUIÇÃO PÚBLICA DE ENSINO SUPERIOR MARCOS FERREIRA BENEDITO - UFMG, GRAZIELLA LAGE OLIVEIRA - UFMG, ADALGISA PEIXOTO RIBEIRO - UFMG
Apresentação/Introdução A discriminação é uma violência que se traduz na opressão de um grupo em detrimento de outro. Sua experiência no contexto acadêmico pode causar efeitos deletérios ao aprendizado e à saúde mental. Grupos minoritários tendem a perceber mais os efeitos da discriminação, particularmente em cursos compostos, tradicionalmente, por estudantes brancos e de classes sociais mais altas, como o de medicina.
Objetivos Identificar a prevalência da percepção de discriminação cotidiana entre estudantes da graduação em medicina de uma universidade pública federal e verificar os fatores associados a esta percepção.
Metodologia Estudo transversal com 1470 estudantes do curso de medicina da UFMG, que responderam questionário online em 2018. Variáveis sociodemográficas, relativas ao curso, comportamentos e percepção de discriminação, obtida pela Everyday Discrimination Scale, foram coletadas. Para a análise descritiva, a discriminação foi categorizada em: nunca; Raramente e Frequentemente. Para as análises comparativas, considerou-se como presença de discriminação a resposta positiva a pelo menos um dos nove eventos discriminatórios diários medidos pela escala (categorizada em “sim” e “não”). Análises de regressão logística múltipla foram realizadas e os modelos finais ajustados.
Resultados A discriminação foi percebida por 87,6% dos estudantes. Pessoas agindo como se fossem melhores (32,6%), ser tratado com menos gentileza (24,6%) e pessoas agindo como se você não fosse inteligente (20,3%) foram as situações mais frequentemente percebidas. Associaram-se à discriminação: gênero, orientação sexual, ciclo do curso, prática de atividade física e religião. As razões apontadas para as discriminações foram gênero (35,4%), aparência física (25,6%), idade (21,6%) e cor da pele (14,3%). Houve maior prevalência de discriminação entre estudantes do ciclo básico (OR=1,80; IC95%1,20-2,69), do sexo feminino (OR=2,42; IC95%1,71-3,42) e com orientação sexual LGBT (OR=2,71; IC95%1,62-4,52).
Conclusões/Considerações Embora diversas políticas tenham ampliado o acesso de grupos minoritários aos cursos de medicina, não foram capazes, por si só, de garantir a qualidade das relações sociais. Políticas internas de apoio aos estudantes devem ser fomentadas, além de estudos focados na interseccionalidade entre cor/renda/gênero/orientação sexual, para compreender as violências entre pares e seus desdobramentos para a saúde geral e mental dos estudantes de medicina.
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