SA13.6 - PERSPECTIVA ETÁRIA, PROFISSIONAIS DE SAÚDE, FORMAÇÃO E CUIDADO (TODOS OS DIAS)
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39716 - SER MÃE ADOLESCENTE: AS CRIADORAS DE CONTEÚDO DIGITAL E O DEBATE SOBRE REPRODUÇÃO JUVENIL NO INSTAGRAM ANA CAROLINA FURLAN GONCALVES - FSP/USP, LUISA BRITO DE OLIVEIRA - FSP/USP, CRISTIANE DA SILVA CABRAL - FSP/USP
Apresentação/Introdução A internet e as redes sociais tornaram-se ferramentas indissociáveis da vida dos jovens. É a partir delas que eles se conectam com seus pares, compartilham assuntos e experiências íntimas. Essa relação também possibilitou outras formas de lidar com assuntos muitas vezes considerados problemáticos pela sociedade, como por exemplo, a gravidez na adolescência (GA).
Objetivos Discutir sobre o processo de autonomização juvenil e sua inter-relação com a criação de conteúdos sobre gravidez na adolescência nas redes sociais por mães adolescentes.
Metodologia Esse estudo aborda o fenômeno da GA a partir dos conteúdos produzidos por oito adolescentes (5 brancas e 4 pretas) com idades entre 14 e 20 anos, e que foram mães nos últimos anos. Trata-se de pesquisa em ambiente digital, a partir do acompanhamento diário de jovens selecionadas, através de suas postagens sobre a descoberta da gravidez, as reações de familiares, amigos e parceiros diante da notícia, a forma como lidam com os preconceitos da sociedade sobre ser uma mãe adolescente, etc. Nesse encontro entre jovens, redes sociais e conteúdos sobre gravidez/maternidade na adolescência, nos deparamos com outro fenômeno: a produção de “nicho virtual” e a possibilidade de monetização.
Resultados Observa-se que o uso concomitante das plataformas digitais permitiu que o engajamento do perfil dessas meninas atingisse uma marca notória de seguidores. Assim, obtiveram patrocinadores e parcerias (própria plataforma ou perfis que se identificam com o conteúdo) que permitiram a monetização de suas publicações. Essa monetização tem um papel importante no processo de construção de independência e autonomia financeira, e confere certa legitimidade à maternidade não planejada na adolescência. Trata-se de um efeito inesperado dos desdobramentos da reprodução na adolescência, conferindo lastro para assimilação da GA e motivo de orgulho para essas mães e inspiração para suas seguidoras.
Conclusões/Considerações A criação de conteúdos relacionados à experiência de GA nas redes sociais criou um processo de monetização, permitindo a essas mães adolescentes caminhos de autonomização em relação à família de origem. Os valores recebidos com patrocínios e trabalhos com marketing digital chegam a 50 mil reais por mês. Mas o processo de monetização está submetido a um racismo algorítmico das redes sociais, que produz mais desigualdades entre essas meninas.
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