Sessão Assíncrona


SA13.6 - PERSPECTIVA ETÁRIA, PROFISSIONAIS DE SAÚDE, FORMAÇÃO E CUIDADO (TODOS OS DIAS)

39398 - INTERFACE ENTRE MEDICINA NARRATIVA E COMPAIXÃO NO CONTO MARIDO, DE LÍDIA JORGE
SARA MARIA CUNHA BITENCOURT SANTOS - UNIFESP, SIMONE NACAGUMA - UNIFESP, MARCELO MARCOS PIVA DEMARZO - UNIFESP, DANTE MARCELLO CLARAMONTE GALLIAN - UNIFESP, HÉRCULES ZACHARIAS LIMA MORAIS - UNIFESP


Período de Realização
Segundo semestre de 2021, na disciplina “Saúde, Humanidades e Literatura” da UNIFESP.

Objeto da experiência
Realizar um ciclo de encontros e discussões sobre humanização em saúde, englobando a medicina narrativa e análise de contos literários diversos.

Objetivos
A avaliação final da disciplina propôs escrita reflexiva sobre tema livre, alinhado ao que foi discutido em aula. A escolha foi refletir sobre os principais pressupostos da medicina narrativa, sua articulação com a compaixão e aplicabilidade para análise do conto literário “Marido” de Lídia Jorge.

Metodologia
Escrita de artigo, assim estruturado: (1) breve introdução, que situa o leitor no referencial teórico da medicina narrativa e sua contraposição ao modelo biomédico tradicional; (2) articulação de convergências teórico-práticas entre a medicina narrativa e a compaixão; (3) análise do conto “Marido” sob as lentes da medicina narrativa e da compaixão; (4) considerações finais sobre o lugar central da compaixão na medicina narrativa, tendo como função primordial o alívio do sofrimento humano.

Resultados
O conto possibilita refletir sobre a impotência da pessoa que vive sob uma estrutura opressiva de violência, reverberada em silenciamento social. Sob a ótica da medicina narrativa e da compaixão, a experiência do médico na leitura de obras literárias pode convidá-lo, na relação com o paciente, a adotar o lugar de leitor, resgatando a complexidade presente nas experiências humanas. Essa postura favorece uma atuação compassiva, basilar de uma prática médica ética, humana, responsável e efetiva.

Análise Crítica
A medicina narrativa é um instrumento de humanização da prática médica, abordando o adoecimento sob uma perspectiva biopsicossocial, mediada pela narrativa, não restrita à história da doença. A medicina narrativa e a compaixão favorecem uma escuta aberta, conectada com a humanidade do outro e que busque aliviar o sofrimento presente ao identificar a estrutura de sofrimento da pessoa em suas várias histórias e as fissuras que permitem uma mudança dessas estruturas.

Conclusões e/ou Recomendações
A medicina narrativa e a compaixão estão ancoradas na sensibilidade em notar o sofrimento e compromisso de aliviá-lo. Ambas encontram eco no compromisso da saúde coletiva de esforçar-se para responder às demandas de saúde na sociedade. Espera-se aproximar o leitor da potência da medicina narrativa enquanto atuação ética e humana, além de suscitar insights que aproximem a teoria de uma prática médica cuidadosa e socialmente engajada.