SA13.5 - POVOS ORIGINÁRIOS, VIOLÊNCIA E INIQUIDADES EM SAÚDE (TODOS OS DIAS)
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42123 - VIOLÊNCIAS NÃO FATAIS EM INDÍGENAS, MATO GROSSO, 2010-2020 FRANCINE NESELLO MELANDA - ISC/UFMT, FRANCIELE SILVIA DE CARLO - ISC/UFMT, KARINE WLASENKO NICOLAU - ISC/UFMT, LIGIA REGINA DE OLIVEIRA - ISC/UFMT
Apresentação/Introdução A população indígena experiência situações de exclusão, marginalidade e discriminação, violadores do direito à saúde e ao livre desenvolvimento, que a vulnerabilizaram frente às violências. Em acréscimo, deve-se questionar se as violências entre os próprios indígenas não se apresentam como estratégia para lidar com o sofrimento da necropolítica a qual estão expostos, contemporaneamente.
Objetivos Descrever as notificações de violência não fatais em indígenas residentes em Mato Grosso-Brasil no período de 2010 a 2020.
Metodologia Trata-se de estudo transversal, parte do projeto de pesquisa “Violência autoprovocada em Mato Grosso: características e fatores de risco dos casos notificados no período de 2011 a 2020”, e realizado com dados secundários, obtidos por meio das notificações de violências não fatais em indígenas residentes de Mato Grosso, no período de 2010 a 2020. Foi realizada análise descritiva, com auxílio do Excel, do número de registros por tipo da violência (interpessoal ou autoprovocada), ano, sexo, faixa etária, natureza da violência, meio utilizado e local da ocorrência. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMT-Saúde, CAAE 45860621.6.0000.8124.
Resultados Registrou-se 25.866 notificações de violências entre 2010 e 2020, em residentes em Mato Grosso. Delas, 1,5% (n=383), eram indígenas. Em cerca de 8% desconhecia-se a intencionalidade. Violências interpessoais representaram 83,4% (n=296) do total de notificações e dessas, a maioria era do sexo feminino (70,1%); até 19 anos (42,6%); e 57,0% ocorreram em residência. A violência física (67,9%), psicológica (47,6%) e sexual (22,0%) foram as mais relatadas. Em 14 casos houve registro de tortura. Entre as violências autoprovocadas (n=59; 16,6%) a maioria era do sexo masculino (61%); 20 a 29 anos (49,2%); 76,3% ocorreram em residência e enforcamento/sufocamento foi o meio mais utilizado (39%).
Conclusões/Considerações A descrição dos casos notificados de violências não fatais na população indígena residente em Mato Grosso revela distinções entre a violência interpessoal e autoprovocada. Isso indica a necessidade de diferentes estratégias de prevenção e de atenção às violências para essa população; além do reconhecimento do seu direito à vida, em especial no que se refere à territorialização, saúde e cultura.
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