SA13.5 - POVOS ORIGINÁRIOS, VIOLÊNCIA E INIQUIDADES EM SAÚDE (TODOS OS DIAS)
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41125 - PONTES E PARTOS: A MEDIAÇÃO DE SABERES E FAZERES DO CUIDADO NO PARTO DE MULHERES INDÍGENAS YANOMAMI DANIELLE ICHIKURA OLIVEIRA - FSP/USP, JOSÉ MIGUEL NIETO OLIVAR - FSP/USP
Apresentação/Introdução Esse relato advém do projeto de iniciação científica no qual busquei compreender as formas possíveis da violência obstétrica em mulheres indígenas em São Gabriel da Cachoeira (AM), com apoio do Departamento de Mulheres Indígenas da Federação de Organizações Indígenas do Rio Negro, o Instituto Socioambiental,o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami, e a Faculdade de Saúde Pública (USP).
Objetivos Compreender a produção e "indigenização" do cuidado na atenção ao parto de mulheres de etnia Yanomami no Rio Negro, a partir do trabalho de uma profissional da saúde que mobiliza sua trajetória, seus saberes biomédicos e institucional para tal fim.
Metodologia O processo de pesquisa teve como base teórico-metodológica a experiência etnográfica. Foi realizado trabalho de campo presencial entre os meses de fevereiro e março de 2019 nas cidades de Manaus e São Gabriel da Cachoeira (AM).Nesse período, foram realizadas conversas informais e entrevistas em profundidade, registradas em diário de campo, com diversas interlocutoras que trabalham com a temática do parto, coordenadoras do Coletivo Humaniza, que atua especificamente com o tema “violência obstétrica” e a enfermeira do DSEI Yanomami, além de e uma “roda de conversa” com mulheres indígenas.
Resultados Entendemos que a trajetória da enfermeira foi marcada pelos anos que morou junto a comunidades Yanomami, tornando-a estudiosa da cultura e falante da língua, ocupando assim uma posição de “autoridade”. Em relação ao parto, sua função é “amansar” as parturientes, quando elas confrontam os protocolos institucionais.
Para as mulheres Yanomami, a figura dessa profissional aparece como mediadora técnico-política entre os saberes indígenas e os costumes biomédicos, uma ponte entre mundos. Esse ponto proporcionou reflexões mais aprofundadas sobre os lugares da “violência obstétrica” nesse contexto, pois o limite entre essa produção de cuidado e a categoria semântica se atravessam e se encontram.
Conclusões/Considerações Através desta pesquisa podemos começar a compreender que o modo de saber encarnado de profissionais da saúde se imiscui com sua trajetória de vida e afetos.
Neste caso específico, atuando como mediadora entre saberes e protocolos, promovendo “cuidado” em partos institucionalizados.
Estudos futuros devem ser feitos sobre o processo de "indigenização" do parto, de singularização do saber de profissionais da saúde indígena que trabalham nesse âmbito.
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