SA13.5 - POVOS ORIGINÁRIOS, VIOLÊNCIA E INIQUIDADES EM SAÚDE (TODOS OS DIAS)
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40343 - VIOLÊNCIA ARMADA E SAÚDE MENTAL EM TERRITÓRIOS VULNERÁVEIS DO RIO DE JANEIRO/BRASIL MAYALU MATOS SILVA - ENSP/FIOCRUZ, FERNANDA MENDES LAGES RIBEIRO - ENSP/FIOCRUZ, FERNANDA SERPELONI - ENSP/FIOCRUZ
Apresentação/Introdução Este trabalho propõe uma reflexão a respeito da Violência Armada (VA) e seus efeitos sobre a saúde mental (SM) da população moradora e trabalhadora de territórios de favela, tendo como enfoque o estado do Rio de Janeiro (ERJ), onde esses territórios, majoritamente negros, são alvo de abordagens violentas por parte das forças de segurança do Estado e de grupos armados com domínio de território.
Objetivos Refletir sobre a VA em territórios de favela do ERJ e seus impactos na saúde mental da população moradora e trabalhadora, através do cruzamento de dados quantitativos e qualitativos e diálogo com a literatura.
Metodologia As autoras partem da experiência em territórios vulnerabilizados e constroem uma reflexão a partir dos conceitos de racismo estrutural e institucional, em diálogo com dados quantitativos, literatura especializada e projetos de pesquisa coordenados anteriormente, realizados em favelas do RJ e em unidades básicas de saúde, sobre o tema da violência armada, saúde e saúde mental. Foram coletados dados sobre homicídios por armas de fogo no ERJ e no Brasil desde a década de 1980. Fontes de dados: Mapa da Violência, Atlas da Violência (dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/DATASUS) e do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro (ISP/RJ).
Resultados O ERJ vem se destacando nos números de homicídios por armas de fogo (AF), mantendo patamares bem superiores em relação às taxas nacionais desde a década de 1980. Não apenas a mortalidade, mas também a morbidade relacionada à VA tem enormes impactos sobre a população e serviços locais, sobretudo em territórios conhecidos como conflagrados, onde há probabilidade de conflitos armados frequentes. Em termos de saúde mental os impactos mais relatados são: sensação de vulnerabilidade e insegurança, angústia, tensão, estresse, desânimo, esgotamento e instabilidade emocional, insônia, Transtorno de Estresse Pós Traumático (TEPT) e surgimento ou descontrole de hipertensão e diabetes.
Conclusões/Considerações Os impactos da VA são profundos e afetam a saúde física e mental, sobretudo a dignidade de comunidades inteiras assoladas pela iminência da violência e da morte dia após dia, ano após ano. Não há respostas fáceis para essa situação, mas certamente a resposta de mais violência, negação de direitos e criminalização de territórios negros é uma resposta falida, que reproduz o racismo e que, não obstante seu fracasso, se perpetua ao longo das décadas.
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