Sessão Assíncrona


SA13.5 - POVOS ORIGINÁRIOS, VIOLÊNCIA E INIQUIDADES EM SAÚDE (TODOS OS DIAS)

39405 - A INTERSSECCIONALIDADE DE GÊNERO, RAÇA E RENDA NA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES: ANÁLISE DA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE, 2019
NÁDIA MACHADO DE VASCONCELOS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS, FABIANA MARTINS DIAS DE ANDRADE - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS, CRIZIAN SAAR GOMES - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS, ISABELLA VITRAL PINTO - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS, JULIANA BOTTONI DE SOUZA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS, DEBORAH CARVALHO MALTA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS


Apresentação/Introdução
A Violência Contra as Mulheres (VCM) é um atentado aos Direitos Humanos e seu enfrentamento é um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030. A vigilância em saúde tem papel essencial na construção de evidências científicas que permitam conhecer o perfil desse agravo na população, auxiliando a construção de Políticas Públicas efetivas e direcionadas às populações mais vulneráveis.

Objetivos
Estimar a associação entre raça e renda e os diferentes subtipos de violência contra as mulheres brasileiras.

Metodologia
Estudo transversal utilizando a base da Pesquisa Nacional de Saúde 2019. Analisou-se os seguintes subtipos de VCM: violência psicológica, violência física e violência sexual. As variáveis consideradas foram: raça (branca e negra [cores da pele parda e preta]) e renda domiciliar (até 01 salário-mínimo (SM); mais de 01 a 03 SM; acima de 03 SM). Estimou-se a Odds Ratio ajustada (ORaj) pela faixa etária e seus respectivos Intervalos de Confiança (IC95%) utilizando regressão logística. Considerou-se a significância de 5%.

Resultados
Analisou-se 46.869 mulheres. Mulheres que se autodeclararam da raça negra tiveram maiores chances de sofrer violência física (ORaj: 1,57; valor-p < 0,01). Mulheres com renda domiciliar de mais de 01SM até 03SM apresentaram menores chances de sofrer violência psicológica (ORaj: 0,88; valor-p = 0,02) e física (ORaj: 0,66; valor-p = 0,01). As mulheres com renda domiciliar acima de 03SM também apresentaram menores chances de sofrer violência psicológica (ORaj: 0,85; valor-p = 0,04) e física (ORaj: 0,47; valor-p < 0,01). A violência sexual não mostrou diferenças estatisticamente significativas para as variáveis analisadas.

Conclusões/Considerações
É possível observar que a VCM tem uma perspectiva interseccional, em que mulheres negras e pobres estão mais expostas à violência. No Brasil, a raça funciona como marcador de desvantagem social e pessoas da raça negra têm pior nível de saúde, educação e renda, um indicador claro do racismo estrutural institucionalizado na cultura.