Sessão Assíncrona


SA13.5 - POVOS ORIGINÁRIOS, VIOLÊNCIA E INIQUIDADES EM SAÚDE (TODOS OS DIAS)

39220 - O FEMINICÍDIO TAMBÉM É SOBRE QUEM FICA: OS ÓRFÃOS DOS FEMINICÍDIOS OCORRIDOS EM CAMPINAS - SP (2019)
THAMIRIS GOMES SMANIA - UNICAMP, RICARDO CARLOS CORDEIRO - UNICAMP


Apresentação/Introdução
O feminicídio é a expressão máxima e final da violência contra as mulheres. No ano de 2020, o Brasil registrou 1.350 feminicídios. O crime acontece, majoritariamente, no ambiente doméstico e o agressor é conhecido da mulher, atinge não só a vítima, mas seus filhos, familiares e terceiros, representando um grave problema social que precisa de debate e políticas públicas direcionadas.

Objetivos
Estudo descritivo com o objetivo de analisar, com a ajuda do método da Autópsia Verbal, os casos de feminicídios ocorridos com moradoras de Campinas – SP no ano de 2019, e a partir das informações coletadas, focalizar os órfãos dos feminicídios.

Metodologia
Aplicou-se o questionário semiestruturado da Autópsia Verbal (AV) para os casos de homicídio de moradoras de Campinas que faleceram em 2019. Por meio de dados coletados no Sistema de Informação sobre Mortalidade, provenientes das Declarações de Óbitos e da informação sobre o local de residência, fornecido pela Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, a família da mulher foi localizada. As entrevistas foram realizadas com o intuito de desvelar as circunstâncias do óbito, identificando a violência de gênero como motivadora, podendo classificar os crimes como feminicídios, e de obter informações sociodemográficas, ocupacionais e espaciais das mulheres vítimas da violência letal.

Resultados
Em 2019, Campinas registrou 18 homicídios de moradoras da cidade e com a aplicação da AV foi possível classificar os feminicídios dentro do total dos homicídios femininos. Assim, chegou-se ao total de 13 casos de feminicídio. Em 8 deles (61,5%) as vítimas eram mães, tinham 1 ou mais filhos. Em nenhum dos casos o agressor era o pai biológico dos filhos, mas em 7 deles (53,85%) o agressor era conhecido da mulher, ou seja, companheiro, ex-companheiro ou filho. Não foram identificadas mulheres grávidas. Em todos esses casos, as mulheres estavam trabalhando, sendo que 7 delas em empregos formais e 1 já era aposentada. Observa-se que na maioria dos casos, a vítima era mãe e provedora do lar.

Conclusões/Considerações
O feminicídio, além de ceifar a vida da mulher, afeta seus filhos. Segundo o Raio X do Feminicídio, para cada 4 feminicídios, 1 deles atinge uma outra pessoa além da mulher, que muitas vezes presenciou o histórico de agressão, inclusive a violência letal. É necessário jogar luzes sobre o tema a ser debatido e para que ocorra a formulação de políticas públicas de assistência para quem fica, afim de evitar, por exemplo, a reprodução da violência.