Sessão Assíncrona


SA13.5 - POVOS ORIGINÁRIOS, VIOLÊNCIA E INIQUIDADES EM SAÚDE (TODOS OS DIAS)

38869 - VIOLÊNCIA INTERPESSOAL EM MULHERES TRANSGÊNERAS E CISGÊNERAS NOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS NO PERÍODO DE 2015 A 2021
KELLY ROBERTA ESTRELA MARINHO NETO - FIOCRUZ, VANIA REIS GIRIANELLI - FIOCRUZ


Apresentação/Introdução
A violência contra mulher se caracteriza especialmente pela dominação simbólica masculina com pilares no patriarcado e a manutenção dessa lógica atua como um fator desencadeador da violência. O Brasil ocupa o quinto lugar no ranking mundial de violência contra mulher cisgênera; e a primeira posição entre os países que mais matam transgêneros, sendo em sua maioria travestis e mulheres transexuais.

Objetivos
Analisar as notificações de violência interpessoal contra mulheres transgêneras e cisgêneras nos municípios brasileiros no período de 2015 a 2021.

Metodologia
Trata-se de pesquisa transversal descritiva sobre a violência interpessoal contra mulheres transgêneras e cisgêneras de 20 a 59 anos, notificadas nos municípios brasileiros no período de 2015 a 2021. Os arquivos foram acessados do DATASUS, sendo analisadas as variáveis relacionadas as características socioeconômicas e demográficas da vítima e do agressor, da violência e da motivação para agressão, e identificados os municípios de notificação. Foi calculado o percentual de cada categoria das variáveis estudadas, estratificando por cisgênera e transgênera, e utilizando o teste qui-quadrado de Pearson avaliar a existência de diferença estatisticamente significativa entre os estratos (p ≤ 0,05).

Resultados
Das 605.983 notificações, 1,5% eram de mulheres transgêneras. Elas ocorreram em 85% dos municípios para cisgêneras e 32% para transgêneras. Houve predomínio nas mais jovens de 29 a 39 anos (72%) e negras (55%), sendo proporcionalmente maior entre as transgêneras. A maioria das notificações foi de violência física (85%), sendo maior entre as transgêneras; seguida de violência psicológica (40%) que foi maior entre as cisgêneras. A tortura e a exploração sexual foram proporcionalmente maiores entre as transgêneras. Quanto a motivação destacou-se o sexismo (20%), em particular entre as cisgêneras. Os principais agressores das mulheres transgêneras foram os cônjuges (27%) e desconhecidos (19%).

Conclusões/Considerações
A maioria das notificações foi de violência física, sinalizando a existência de subnotificação, pois é uma agressão visível e geralmente precisa de assistência. Ela foi proporcionalmente maior entre as transgêneras, expressando uma evolução da notificação mais tardia nessa população. A violência psicológica, contudo, já é a segunda mais notificada, e embora ainda não expresse a realidade, contribui para dar visibilidade ao tema.