SA13.5 - POVOS ORIGINÁRIOS, VIOLÊNCIA E INIQUIDADES EM SAÚDE (TODOS OS DIAS)
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38801 - CONHECIMENTO, LUTA E CUIDADO: MULHERES INDÍGENAS RIONEGRINAS, VIOLÊNCIAS E COVID-19. JOSÉ MIGUEL NIETO OLIVAR - FSP/USP, DULCE MEIRE MENDES MORAIS - INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL, FLAVIA MELO - UFAM, DANIELLE ICHIKURA - FSP/USP
Apresentação/Introdução Esse relato deriva de um processo de pesquisa sobre violências que afetam as vidas de mulheres indígenas em São Gabriel da Cachoeira e no alto Rio Negro, em parceria entre o Departamento de Mulheres Indígenas da Federação de Organizações Indígenas do Rio Negro, o Instituto Socioambiental, o Observatório de Violência de Gênero no Amazonas (UFAM) e a Faculdade de Saúde Pública (USP).
Objetivos Mostrar como as mulheres indígenas rionegrinas responderam à pandemia de Covid-19 mobilizando a noção de “cuidado” e, com ela, toda uma experiência de luta política e de construção de alianças que ultrapassam e ressignificam o campo da saúde.
Metodologia O processo de pesquisa tem como base uma abordagem teórico-metodológica etnográfica e a produção colaborativa de conhecimento. O processo teve como origem uma etnografia realizada entre 2010 e 2016 na cidade de São Gabriel. A partir de 2018, além da etnografia e de entrevistas a profundidade com mulheres indígenas lideranças, são realizadas “rodas de conversa” com diversos grupos, que buscam abrir espaços coletivos de reflexão sobre violência. Em 2020 foi realizado um levantamento de Boletins de Ocorrência com vítima mulher, e uma “etnografia de documentos” focada em feminicídio. A partir de 2020 foi realizada pesquisa em rede, online/offline, com “pesquisadoras indígenas”.
Resultados Evidenciamos múltiplas formas e sentidos que “violência” têm para as mulheres indígenas rionegrinas. “Violência” mobiliza sempre questões sobre ação coletiva, luta, força e conhecimentos das mulheres. Percebemos as variações coloniais que a produção de morte e sofrimento tem na história recente da região e da cidade e as formas como o Estado se inscreve ativamente nesta produção. A pesquisa mostra como o repertório para lidar com as violências foi colocado em ato e magnificado para responder à pandemia de Covid-19.
Conclusões/Considerações Lidar acadêmica e institucionalmente com o problema da “violência contra mulheres indígenas” implica uma atenção delicada e demorada não apenas as formas “culturais” das relações de gênero, sexuais e corporais locais, mas também aos usos institucionais e acadêmicos localizados da “violência”. Por outro lado, lidar com este problema implica a construção de alianças firmes e de processos colaborativos.
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