SA13.4 - POPULAÇÕES VULNERABILIZADAS E INIQUIDADES EM SAÚDE (TODOS OS DIAS)
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43777 - ANSIEDADE E DEPRESSÃO ENTRE ESTUDANTES DE MEDICINA: INFLUÊNCIAS DA INTERSECCIONALIDADE ENTRE GÊNERO, RAÇA/COR DA PELE E ORIENTAÇÃO SEXUAL GRAZIELLA LAGE OLIVEIRA - UFMG, LIDYANE DO VALLE CAMELO - UFMG, ADALGISA PEIXOTO RIBEIRO - UFMG
Apresentação/Introdução Sintomas de ansiedade e depressão são mais prevalentes entre estudantes de medicina, quando comparados à população em geral. Aspectos relacionados ao indivíduo, ao curso e ao ambiente podem contribuir para tal realidade. Compreender o papel da interseccionalidade gênero/cor da pele/orientação sexual na prevalência de ansiedade e depressão é fundamental para a criação de políticas mais assertivas.
Objetivos Investigar a associação da interseccionalidade entre gênero, raça/cor da pele e orientação sexual com a prevalência de sintomas de ansiedade e depressão entre estudantes de medicina de uma instituição federal de ensino superior.
Metodologia Estudo transversal com 1470 alunos de todos os períodos da graduação em medicina da UFMG, realizado em 2018. Depressão e ansiedade foram mensuradas por meio do Beck Depression Inventory e do Beck Anxiety Inventory. As 8 categorias consideradas foram homem branco heterossexual, homem não-branco heterossexual, homem branco não-heterossexual, homem não-branco não-heterossexual, mulher branca heterossexual, mulher não-branca heterossexual, mulher branca não-heterossexual e mulher não-branca não-heterossexual. A associação da depressão e ansiedade com as categorias interseccionais foi avaliada por meio de regressão logística. O modelo foi ajustado por idade, ciclo do curso, renda e ter parceiro(a).
Resultados A prevalência de ansiedade foi de 16,02% e de depressão 37,5%. Nas análises bruta e ajustada considerou-se como categoria de referência ser homem/branco/heterossexual. Todas as categorias estiveram associadas a maior chance de ambas as condições: homem/branco/não-heterossexual (ansiedade: aOR1,98, depressão: aOR1,86), homem/não-branco/não-heterossexual (ansiedade: aOR2,65, depressão: aOR2,58), mulher/branca/heterossexual (ansiedade: aOR1,97, depressão: aOR2,17), mulher/não-branca/heterossexual (ansiedade: aOR2,00, depressão: aOR2,39), mulher/branca/não-heterossexual (ansiedade: aOR3,68, depressão: aOR3,78) e mulher/não-branca/não-heterossexual (ansiedade: aOR4,05, depressão: aOR5,61).
Conclusões/Considerações Há maior prevalência de sintomas de ansiedade e depressão entre estudantes de medicina não brancas não heterossexuais. Parece que a intersecção destas variáveis adicionam maior vulnerabilidade neste grupo minoritário. Considerando que cursos de medicina tradicionalmente têm mais estudantes homens, brancos e heterossexuais, urge a criação de políticas institucionais de acolhimento e promoção da saúde mental que contemplem a diversidade dos alunos.
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