Sessão Assíncrona


SA13.4 - POPULAÇÕES VULNERABILIZADAS E INIQUIDADES EM SAÚDE (TODOS OS DIAS)

42197 - A MICROPOLÍTICA DE ESCANTEAMENTO DOS CORPOS TIDOS COMO ANORMAIS
GABRIEL LIMA SIMÕES - FIOCRUZ


Apresentação/Introdução
A divisão da população entre normais e anormais sempre fez parte das políticas de governo, ou mesmo de Estado, e tem se intensificado com o avançar das práticas neoliberais. As próprias políticas de saúde, assistência social, previdência e educação tendem a funcionar por mecânicas de segregação, reforçando o estigma de que corpos normais são aqueles que melhor se adequam às demandas do mercado

Objetivos
Identificar os mecanismos e atravessamentos micropolíticos que estabelecem padrões corporais e promovem o escanteamento das pessoas com deficiência tidas como anormais

Metodologia
A partir da experiência empírica de um corpo considerado deficiente, a pesquisa põe em analise os efeitos da cultura da normalização de corpos desde a infância até a vida adulta de uma pessoa que nasceu com uma deficiência física.
Tendo Michel Foucault como principal aporte teórico, a pesquisa desenvolve o conceito de micropolítica do escanteamento para problematizar os efeitos dos processos de segregação dos corpos que destoam do padrão estabelecido como normal. Abordam-se os atravessamentos que moldam a vida de uma pessoa com deficiência, passando por temas como escolarização, socialização, cuidados com a saúde, protecionismo, inserção no mercado de trabalho, vida acadêmica e capacitismo

Resultados
A prática subliminar da micropolítica de escanteamento faz com que a população não seja acostumada a ver uma pessoa com deficiência nas ruas, trabalhando, estudando ou mesmo aproveitando espaços de lazer. O escanteamento vai sendo difundido de tal modo que a ausência passa a ser normalizada. Quando percebidas, as pessoas com deficiência são vistas com olhares de pena, lamento ou preocupação exacerbada. Nos raros casos em que a pessoa com deficiência desponta em alguma atividade, logo é ovacionada como modelo de superação, como se ela tivesse vencido um desafio tido como inalcançável e finalmente tivesse se equiparado a uma pessoa tida como normal.

Conclusões/Considerações
Seguindo uma lógica capitalista-produtivista, os corpos considerados saudáveis, eficientes e, portanto, desejáveis, são tidos como corpos padrão. Corpos que destoam desse perfil estético, como o das pessoas com alguma deficiência, são automaticamente classificados como limitados, ineficientes ou incapazes. Cabe então à pessoa com deficiência mostrar suas capacidades para ir conquistando um lugar de aceitação entre as pessoas consideradas normais