Sessão Assíncrona


SA13.4 - POPULAÇÕES VULNERABILIZADAS E INIQUIDADES EM SAÚDE (TODOS OS DIAS)

42156 - INTERSECCIONALIDADES E ROMPIMENTO DE BARRAGENS: CADEIA DE EXPLORAÇÃO
SIMONE SANTOS OLIVEIRA - FIOCRUZ, SERGIO PORTELLA - FIOCRUZ, LAURA LUNA KATONA - FIOCRUZ/UFRJ


Apresentação/Introdução
Entender o ambiente de violência e violação de direitos que estão submetidas populações atingidas pelos rompimentos de barragens é fundamental para abarcar o menos visível dessa cadeia de exploração. Para além da desigualdade interseccional imposta pelo capitalismo patriarcal, são as mulheres que mais cuidam para reconstrução dos seus modos de vida na linha de frente da luta contra as mineradoras.

Objetivos
Visibilizar as lutas das mulheres atingidas, evidenciando o sofrimento social e o descaso com suas vidas, apostando na importância da produção de memória, sempre deslocados para discussões mais globais, generalizadas em discursos transnacionais.

Metodologia
Parte de uma pesquisa maior que busca dar conta de vários aspectos dos crimes de rompimentos de barragens, este estudo trata das visitas a campo para realização de entrevistas com atingidos e atingidas em Mariana e Brumadinho, nas quais, além de levantamento documental em websites de jornais e de fundações, analisou-se o conjunto de edições do jornal A Sirene. O jornal A Sirene é uma mídia aderente aos movimentos dos atingidos, publicado mensalmente desde fevereiro de 2016. Após leitura das 59 edições (2016-2021), foram selecionados 19 trechos que abordavam questões sobre as mulheres atingidas. Dentre estas duas edições são dedicadas exclusivamente aos assuntos relacionados às mulheres.

Resultados
O processo de engajamento na luta não é fácil para as mulheres. Se as dimensões de gênero, raça e classe social já lhes confere uma situação de discriminação em relação à mineração, isso se intensifica quando se adiciona a condição de defensoras de direitos. A dicotomia do capitalismo patriarcal entre o espaço público, de produção e o espaço privado, de reprodução, faz com que a luta política não seja vista como lugar delas. Em muitos casos não conseguem obter a reparação por serem consideradas dependentes de homens próximos, marido, pai, irmão, mesmo que trabalhem, tendo sua individualidade e independência contestada. Apesar de terem o protagonismo na luta pelos direitos da comunidade.

Conclusões/Considerações
O gênero, nos eventos críticos, é acionado como gramática que autoriza a violência do Estado e empresas. Epistemologias feministas realçam, nesses crimes ambientais, a importância do conceito da interseccionalidade, para justiça social, cognitiva (reconhecimento dos diferentes saberes), e de gênero e raça. Seres invisibilizados pelo desenvolvimento capitalista patriarcal, mulheres não brancas colonizadas, atingidas por rompimentos de barragens.