Sessão Assíncrona


SA13.4 - POPULAÇÕES VULNERABILIZADAS E INIQUIDADES EM SAÚDE (TODOS OS DIAS)

42048 - INIQUIDADES EM SAÚDE EM UMA CIDADE DO SUL DO BRASIL, 2021: ANÁLISE À LUZ DA INTERSECCIONALIDADE
BRUNO PEREIRA NUNES - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS, LILIAN FIGUEIREDO - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS, GRÉGORE IVEN MIELKE - THE UNIVERSITY OF QUEENSLAND, AUSTRALIA, ÂNDRIA KROLOW - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS, LUAN NASCIMENTO - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS, GABRIELA A MARQUES - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS, ELOISA PORCIÚNCULA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS, FELIPE DELPINO - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS, THAYNA RAMOS FLORES - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS, LUIZ AUGUSTO FACCHINI - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS


Apresentação/Introdução
As iniquidades sociais são diferenças injustas que impactam a vida das pessoas. A determinação social da saúde busca entender as causas das causas do processo saúde-doença considerando as condições sociais. Avaliar o efeito multiplicativo (interseccionalidade) de condições sociais é relevante para identificar os grupos mais afetados pelas iniquidades em saúde e estabelecer políticas equitativas.

Objetivos
Avaliar as iniquidades em indicadores relacionados ao processo saúde-doença segundo a interseccionalidade de gênero, cor da pele, escolaridade e classificação econômica entre adultos e idosos de uma cidade do sul do Brasil em 2021.

Metodologia
Estudo transversal de base populacional realizado em 2021 (linha de base coorte EAI Pelotas). A interseccionalidade foi operacionalizada pela soma de variáveis que expressam graus de privilégio: sexo, cor da pele, escolaridade, classificação econômica (ABEP). O índice é composto por uma escala de 0 a 8, sendo zero (homens, brancos, alta escolaridade e classes A/B) e oito (mulheres, preta-pardas-amarelas-indígenas, baixa escolaridade e classes D/E). Os desfechos foram 20 indicadores: 4 socioeconômicos; 3 comportamentais, 6 de acesso aos serviços de saúde e 7 de situação de saúde. Calcularam-se as prevalências e seus respectivos intervalos de confiança de 95% segundo a interseccionalidade.

Resultados
Dos 5723 entrevistados, 54,2% eram mulheres. Quatro a cada cinco indivíduos se autodeclaram de cor da pele branca. Um quinto pertencia às classes D/E e 31,3% pertenciam ao menor nível de escolaridade. A ocorrência dos desfechos variou de 7,9% a 59,3%. Dos 20 indicadores avaliados, 14 apresentaram foram favoráveis aos indivíduos mais privilegiados. Diferenças acima de 25 pontos percentuais entre os extremos do índice de interseccionalidade foram observadas para oito desfechos (renda afetada pela pandemia, bolsa família, alimentação piorou na pandemia por falta de dinheiro, UBS de referência, plano de saúde, consulta odontológica, hipertensão arterial e sintoma depressivo).

Conclusões/Considerações
Os resultados sinalizam amplas desigualdades sociais corroborando as evidências sobre as iniquidades históricas, contextuais e institucionalizadas no Brasil. Os achados sugerem que a pandemia agravou as iniquidades em saúde. O uso do indicador de interseccionalidade contribuiu para uma detalhada avaliação das desigualdades em saúde e identificação do efeito multiplicativo das variáveis na determinação de iniquidades sociais em saúde.