Sessão Assíncrona


SA13.4 - POPULAÇÕES VULNERABILIZADAS E INIQUIDADES EM SAÚDE (TODOS OS DIAS)

39592 - DESIGUALDADES SOCIAIS E ATIVIDADES FÍSICAS NA PESQUISA DE VIGITEL, ENTRE 2016 E 2020
GIOVANA BARBOSA DE PAIVA - UFRJ, MARIANE FERREIRA DOS SANTOS ARAÚJO - UFRJ, ALEXANDRE PALMA - UFRJ


Apresentação/Introdução
Para a ciência hegemônica, a realização de atividades físicas tem sido considerada um importante aspecto para prevenção de doenças. Assim, qualquer atividade física seria melhor que não fazer nada. Porém, considerando os processos de reprodução social, é imperioso questionar a ideia tradicional, cujo intuito é investigar os fatores isolados e reificados para convertê-los em entidades causais.

Objetivos
O objetivo do presente estudo é verificar a associação entre alguns aspectos relativos às desigualdades sociais e a dimensão da atividade física (no lazer, no deslocamento, ocupacional e doméstica), especialmente, a partir do índice de jeopardy.

Metodologia
Trata-se de um estudo que utilizou os dados brutos da Pesquisa de Vigitel, dos anos entre 2016 e 2020.
Foram selecionados os dados relativos às atividades físicas, em suas quatro dimensões e aqueles referentes ao sexo (masculino e feminino); cor da pele/ etnia (branca, preta, amarela, parda e indígena); faixa etária; e escolaridade.
Foi calculado o índice de jeopardy, atribuindo-se pontuação a cada segmento da categoria selecionada, sendo a maior pontuação atribuída à condição de maior opressão. A soma dos valores conferidos às quatro categorias resultou no índice de jeopardy. O valor final ficou entre 0 e 6, sendo o maior atribuído à condição, combinada, de maior opressão.


Resultados
A pesquisa levantou dados de 225.282 participantes do Vigitel, entre os anos de 2016 e 2020 e permitiu observar que, de um modo geral, a prática de atividades no lazer (≥ 150 minutos na semana) é mais pronunciada entre aqueles com menores valores do índice de jeopardy, de tal forma que o grupo de pessoas com o índice de jeopardy “6” (seis) apresentou 3,59 vezes mais chances (p<0,0001) de não realizar, quando comparados ao grupo com índice de jeopardy “0” (zero).
Por outro lado, quando analisadas as dimensões de atividades físicas ocupacional, de deslocamento e doméstica, os grupos de pessoas que apresentaram índices mais elevados foram aqueles com maior envolvimento nestas atividades físicas.


Conclusões/Considerações
A concepção, baseada em uma perspectiva de características biomédicas, de que qualquer atividade física seria melhor que não fazer nada tem produzido um discurso de verdade que desconsidera as opressões e discriminações existentes.
A análise a partir de outros olhares permite compreender que a realização de atividade física fora do espaço de lazer tem sido designada a grupos socialmente mais vulneráveis e que pode refletir diferentes explorações.