Sessão Assíncrona


SA13.3 - INTERSECCIONALIDADE, GÊNERO E SAÚDE (TODOS OS DIAS)

44825 - EXPLORANDO OBESIDADE, DEPRESSÃO, POBREZA E GÊNERO: INTERSECÇÕES DE VULNERABILIZAÇÕES E IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE
PRISCILA DE MORAIS SATO - UFBA, THAINARA APARECIDA DOS SANTOS - USP, FERNANDA SABATINI - USP, FERNANDA BAEZA SCAGLIUSI - USP


Apresentação/Introdução
Iniquidades em saúde têm sido amplamente descritas na literatura focada na produção social de diferenças a partir de categorias como gênero e classe social. Desigualdades relativas à saúde são expressas em vulnerabilidades, um conjunto de aspectos individuais e coletivos que expõem pessoas a situações com consequências indesejáveis e a recursos que protegem contra elas.

Objetivos
Investigar as interações entre vulnerabilizações relacionadas a ser mulher, viver em pobreza, estar obesa e ter depressão entre as mães residentes em Santos, Brasil.

Metodologia
Estudo qualitativo com entrevistas em profundidade e histórias de vida com nove mães com diagnóstico de obesidade e depressão residentes em áreas de alta vulnerabilidade social da cidade de Santos: Centro (cortiços), Morro do Jabaquara (barracos) e Zona Noroeste (palafitas). Entrevistas ocorreram em 2014 e atingiram critério de saturação, indicando que novas entrevistas a novos sujeitos não mais contribuíam para informações relevantes para o estudo. Cada participante foi entrevistada de 3 a 6 vezes. Dados foram analisadas por meio de análise de conteúdo com triangulação de pesquisadoras. Estudo foi aprovado pelo comitê de ética da Universidade Federal de São Paulo.

Resultados
Participantes tinham entre 30-57 anos, e IMC de 28-57 kg/m². Observamos intersecções entre todas as vulnerabilizações. Efeitos da pobreza estiveram presentes desde a infância (falta de estrutura familiar e insegurança alimentar) até a idade adulta (falta de trabalho remunerado). Questões relacionadas ao gênero permearam também toda a vida das participantes, em especial na maternidade, como quando “abandonadas” pelos companheiros com filhos pequenos. Medicamentos para depressão contribuíam falta de emprego e “inchaço” corporal. Estigmas de peso prejudicavam autoimagem e manutenção de empregos. Redes de apoio contribuíram para mitigação dos efeitos das vulnerabilizações.

Conclusões/Considerações
A interação de fatores que promovem a pobreza e a opressão de gênero contribuíram para a obesidade e a depressão por meio da insegurança alimentar e dos problemas de vida. Além disso, as consequências da obesidade e da depressão reforçam a pobreza e as vulnerabilidades de gênero relacionadas ao trabalho e à autonomia. O estudo tem implicações para a prática, incluindo a importância da compreensão do contexto em que ocorre o processo saúde-doença.