Sessão Assíncrona


SA13.3 - INTERSECCIONALIDADE, GÊNERO E SAÚDE (TODOS OS DIAS)

43973 - RESPOSTAS FEMINISTAS À HOSTILIDADE ANTI-GÊNERO EM REDES DIGITAIS
HORACIO FEDERICO SÍVORI - CLAM/IMS UERJ, BRUNO DALLACORT ZILLI - CLAM/IMS/UERJ, LORENA MOCHEL REIS - CLAM/IMS/UERJ E PPGAS/MN/UFRJ


Apresentação/Introdução
O ascenso bolsonarista capitalizou pânicos morais e exacerbou violências contra minorias, que são construídas como inimigas da sociedade. As chamadas ‘redes sociais’ online tornaram-se palco fundamental de uma hostilidade generalizada ao feminismo e à diversidade sexual. Esta pesquisa investiga as respostas à violência contra feministas e pessoas LGBT+ nesse contexto.


Objetivos
Para compreender as respostas à hostilidade online contra feministas e pessoas LBGT+ em mídias sociais, objetivou-se documentar e analisar controvérsias motivadas por discursos anti-gênero em redes de Twitter e Instagram entre 2018 e 2020.

Metodologia
A revisão de literatura incluiu pesquisas feministas e das ciências sociais e humanas sobre violência de gênero, discursos de ódio e feminismos digitais e da sociedade civil brasileira sobre respostas institucionais à denominada violência política online. A pesquisa empírica, de cunho etnográfico, envolveu a imersão em redes de mídia social com o auxílio de métodos digitais de pesquisa, um survey online (n=311) e vídeo entrevistas em profundidade com 11 usuárias(os) de redes digitais afetada(o)s por essa hostilidade. Buscamos assim reconstruir disputas em torno da variedade de sentidos coletivamente atribuídos à violência online como assunto público.

Resultados
A pesquisa explorou os significados de violências que articulam discursos anti-gênero a atos de ódio em redes brasileiras de mídia social durante os últimos dois períodos eleitorais e a pandemia de Covid-19. Tanto as respostas feministas no seio da sociedade civil organizada quanto o engajamento de usuárias e usuários que se tornaram alvos de violência nas redes desenvolveram uma compreensão interseccional de como a violência de gênero e a violência política são marcadas pela homofobia, a misoginia e o racismo. Essas respostas evidenciam transformações nas formas como os feminismos brasileiros entendem e produzem conhecimento sobre a violência online.

Conclusões/Considerações
Sobre um pano de fundo de arquiteturas de rede opacas e em constante mudança, interrogamos as complexas mediações das noções de identidade, de comunidade e de pessoa gestadas nos usos vernáculos de tecnologias digitais, quando se reivindica o direito a habitá-las e se resiste a diversas formas de violência e controle.