SA13.3 - INTERSECCIONALIDADE, GÊNERO E SAÚDE (TODOS OS DIAS)
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42681 - AUTONOMIA PARA UMA SAÚDE FEMINISTA: ANALISANDO ALGUNS ZINES DE “GINECOLOGIA CRÍTICA” ALINE ÂNGELA VICTORIA RIBEIRO - UNICAMP
Apresentação/Introdução A partir dos anos 2000, na América Latina, começam a circular as categorias “ginecologia autônoma” e “ginecologia natural”, entre outras, às quais me refiro aqui, enquanto conjunto, como “ginecologias críticas”. No Brasil atual, essas circulam por diferentes campos de ativismo e produção de conhecimento, sendo acionadas por feministas, profissionais (como médicas e educadoras), e pessoas “leigas”.
Objetivos Investigo o que são essas “ginecologias críticas” a partir de alguns zines compartilhados no campo de pesquisa. Quais são os principais saberes, práticas, demandas e tensionamentos presentes nesse material?
Metodologia A metodologia é qualitativa. São analisados cinco zines digitais, todos em português, compartilhados gratuitamente na internet em grupos, páginas ou sites brasileiros que abordam, de algum modo, alguma das categorias das “ginecologias críticas” (por exemplo, “ginecologia autônoma”). Inspiro-me na perspectiva metodológica da etnografia de documentos, considerando os zines não apenas como materiais que contêm informações, mas também como artefatos culturais. Ou seja, os zines são instrumentos e meios de mobilização e produção de demandas, tensionamentos e saberes. Eles não só falam sobre algo, mas também produzem efeitos, práticas e discursos, e estão inseridos em relações sociais e políticas.
Resultados Zines são centrais na articulação das “ginecologias críticas” por seu caráter pedagógico, sendo utilizados como transmissores de informação e experiências de saúde (principalmente ginecológica) das mulheres. Há práticas, sentidos e discursos comuns nos zines, que ora criticam um conhecimento médico-científico considerado hegemônico, ora com ele dialogam. A autonomia é o valor central e tem como pilares o autoconhecimento, o autocuidado e o acesso à informação. Há também narrativas que “recontam” o processo histórico de institucionalização da Ginecologia e da Obstetrícia enquanto disciplinas/especialidades como um processo de colonização corporal e de saberes que pertenciam as mulheres.
Conclusões/Considerações Aqui os zines adquirem caráter de reivindicação e disputa, tensionando os modos como o conhecimento médico-científico “hegemônico” é produzido e praticado. Não se trata de negá-lo, mas de reapropriar-se dele, ressignificando certos saberes e práticas. Nessa visão, as “ginecologias críticas” retomariam um protagonismo de mulheres em relação a sua saúde e à produção de conhecimentos, talvez mais alinhados às demandas e epistemologias feministas.
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