Sessão Assíncrona


SA13.3 - INTERSECCIONALIDADE, GÊNERO E SAÚDE (TODOS OS DIAS)

42077 - INFERTILIDADE E GÊNERO: ANÁLISE PRELIMINAR DOS DADOS DA PESQUISA “PANDEMIA DE COVID-19 E PRÁTICAS REPRODUTIVAS DE MULHERES NO BRASIL”
ULLA MACEDO - IGM/FIOCRUZ BAHIA, CLAUDIA BONAN - IFF/FIOCRUZ, ANA PAULA DOS REIS - ISC/UFBA, CECÍLIA MCCALLUM - ISC/UFBA; FFCH/UFBA, GREICE MENEZES - ISC/UFBA, MARIA DA CONCEIÇÃO CHAGAS DE ALMEIDA - IGM/FIOCRUZ BAHIA, ANDREZA PEREIRA RODRIGUES - EEAN/UFRJ, NANDA DUARTE - IFF/FIOCRUZ, JAMILE MENDES DA SILVA SANTOS - UFBA, MARIA THEREZA FRANCISCONI - ISC/UFBA


Apresentação/Introdução
Aproximadamente 186 milhões de pessoas no mundo vivem com infertilidade (OMS, 2020). O tema carrega estigmas que confrontam constructos de gênero, resultando em impactos na saúde das mulheres. Considerando as iniquidades amplificadas pela pandemia, faz-se necessário refletir sobre os efeitos da crise sanitária no tratamento da infertilidade, em uma perspectiva feminista.


Objetivos
Analisar, de forma interseccional, as condições de acesso a serviços e cuidados para mulheres com infertilidade, e os impactos da pandemia de Covid-19.


Metodologia
A pesquisa Pandemia de COVID-19 e práticas reprodutivas de mulheres no Brasil foi realizada pelo Grupo de Pesquisa Gênero, Reprodução e Justiça (RepGen), parceria da Fiocruz, da UFBA e da UFRJ, com abordagem qualitativa e quantitativa. Esta comunicação trata do tema da infertilidade, com base nos dados do inquérito online, auto aplicado, respondido por 8.313 mulheres de 18 anos ou mais, de todo o Brasil, entre julho e outubro de 2021. O questionário continha 3 perguntas sobre infertilidade e uma questão aberta ao final. Para realizar a análise descritiva, foram calculadas frequências simples das variáveis. Para o conteúdo das questões abertas, utilizou-se a análise do discurso.

Resultados
Assinalaram as alternativas sobre infertilidade, 264 mulheres. Esse grupo, de forma predominante, reside no Sudeste, em capitais, declararam-se brancas, 30-39 anos, pós-graduadas, heterossexuais, casadas, sem filho e com religião. A maioria frequentava serviços privados e, entre aquelas que mencionaram interrupção ou dificuldade em continuar o tratamento, grande parte relatou como motivos o medo da Covid-19 e a suspensão do próprio serviço. As mulheres tematizaram sobre as categorias tempo e medo, que se conjugam para aumentar a incerteza sobre os planos de engravidamento. A dificuldade ou impossibilidade de realizar procedimentos de reprodução assistida pelo SUS também foi apontada.


Conclusões/Considerações
Embora o tratamento de infertilidade conste em documentos oficiais, não existe uma política pública efetiva que garanta acesso pleno às mulheres, sobretudo àquelas em situação de vulnerabilidade. O tratamento persiste restrito a mulheres brancas de camadas médias e altas. Na perspectiva da justiça reprodutiva, isto suscita reflexões sobre a garantia de direitos no campo da sexualidade e da reprodução a todas as mulheres.