Sessão Assíncrona


SA13.3 - INTERSECCIONALIDADE, GÊNERO E SAÚDE (TODOS OS DIAS)

41397 - NARRATIVAS FEMININAS E SAÚDE MENTAL: A SAÍDA DA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO E O REFÚGIO NO RIO DE JANEIRO
PAULA COLODETTI SANTOS - UERJ - IMS, FABIANA CHICRALLAS - UERJ - IMS, FRANCISCO JAVIER ORTEGA GUERRERO - UERJ - IMS, LAURA LOWENKRON - UERJ - IMS


Apresentação/Introdução
Refugiados estão presentes em vários países do mundo e segundo dados do ACNUR (2022), crises na África subsaariana continuam a forçar o egresso de pessoas para países vizinhos. Apesar da questão se manter nas agendas internacionais por direitos humanos, em especial pela falta de acesso a saúde, acompanhamos o arrefecimento de projetos políticos conservadores que prezaram fechamentos de fronteiras.

Objetivos
Frente a impossibilidade em manter-se no país originário e a insalubridade para se reestabelecerem, está nosso objetivo: tensionar, interseccionalmente, como o refúgio no RJ interferiu na saúde mental de mulheres congolesas aqui residentes.

Metodologia
A pesquisa a ser apresentada é fruto de um estudo qualitativo, etnográfico, composto por observação participante e entrevistas, realizado em uma instituição de acolhimento a população refugiada – a Caritas RJ, em 2018. Neste ano, se deu a intervenção militar no município do Rio, momento marcado por ações estatais autoritárias e violentas. No campo, era eu, pesquisadora branca e privilegiada, a estrangeira. E foi estreitamente pelo incômodo causado pela sensação de não pertencimento que procurei atentar-me para meu lugar. Assim, me utilizando dos conceitos de reflexividade e sofrimento social, busquei analisar meus contatos essas mulheres: suas queixas, adoecimentos e resistências.

Resultados
Em suas falas elas apontaram para o gradual aumento da violência, o persistente sentimento de medo e exclusão nas periferias, assim como a sobrecarga emocional que essas vivências lhe geravam. Diante disso, vemos que, apesar dos anos que se passaram entre a coleta de dados e a atualidade – reforçada pelo caso de Moïse Kabagambe (2022), desigualdades e a necropolítica direcionada ao povo negro são estratégias de estado que permanecem pungentes. Por outro lado, é possível observar as potencialidades dessas mulheres e como, seja por religião, cultura ou experiências de vida, puderam desenvolver capacidades de enfrentamento e resiliência frente às situações mais adversas.

Conclusões/Considerações
Esse trabalho traz ponderações sobre como o BR com uma legislação favorável ao refúgio, não apresenta providências no tema e contribui na manutenção de vulnerabilidades. Ao analisar as trajetórias das mulheres negras, congolesas, refugiadas, explorei associações entre violência e sintomas mentais e neste sentido, destaco a importância dos tratamentos baseados em evidências mas que possam ser culturalmente particularizados.