SA13.3 - INTERSECCIONALIDADE, GÊNERO E SAÚDE (TODOS OS DIAS)
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40904 - O RETROCESSO NAS POLÍTICAS DE SAÚDE MENTAL DO SUS: COMO A LÓGICA MANICOMIAL (RE)ATUALIZA OS ESTEREÓTIPOS DE GÊNERO? CAMILA FORTES MONTE FRANKLIN - FIOCRUZ
Apresentação/Introdução Os retrocessos nas políticas de saúde mental afetam não somente usuários da Rede, mas toda a sociedade a nível de investimento em práticas de promoção à saúde coletiva. Por isso, se faz necessário refletir sobre a retomada desse modelo enquanto uma ameaça à sociedade e em especial, às mulheres, não deslocadas das questões de raça e classe, que definem essas violências em maior ou menor grau.
Objetivos Apontar e destacar de que modos a lógica manicomial (re)atualiza os estereótipos de gênero em um cenário de retrocesso das políticas de saúde mental do Sistema Único de Saúde.
Metodologia Utilizando a Narratologia a partir de Motta (2005, 2007) como aporte teórico-metodológico, o presente trabalho busca identificar as implicações de narrativas que reforçam os estereótipos de gênero em um cenário de ameaça às políticas de saúde mental. A Narratologia, enquanto teoria da ação, é capaz de apontar performances linguísticas movidas por motivações, repleta de valores, ideologias e memórias, construídas a partir de um processo de configuração e refiguração. Essa metodologia se faz necessária para que possamos identificar certas representações construídas social e historicamente, e aplicar no cenário atual, considerando seus contextos e recortes de raça e classe.
Resultados O manicômio e a representação social construída sobre a loucura, potenciam as múltiplas violências expressas pelas opressões culturais. As narrativas construídas social e historicamente sobre as mulheres, reforçam, até os dias atuais, a invisibilidade, o apagamento e a subalternidade. Esse é um processo histórico que ainda deixa suas marcas. Em um cenário de abalos gravíssimos e retrocesso às políticas de saúde mental, a retomada de um modelo hospitalocêntrico põe em xeque a garantia de políticas públicas e, são especialmente as mulheres negras, pobres, que mais sofrem os abalos objetivos e subjetivos dessa conjuntura.
Conclusões/Considerações Em uma sociedade onde o machismo, racismo e elitismo ainda se fazem presentes, a lógica manicomial se torna uma estratégia para manter o controle sobre os corpos das mulheres, destinando esse poder ao Estado, a medicina e aos homens. Ameaças como esta colocam em xeque não apenas a Reforma Psiquiátrica Brasileira, mas em especial, as lutas feministas que reivindicam a décadas por melhores condições de trabalho, visibilidade e qualidade de vida.
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