Sessão Assíncrona


SA13.3 - INTERSECCIONALIDADE, GÊNERO E SAÚDE (TODOS OS DIAS)

40522 - HISTÓRIA REPRODUTIVA DE MULHERES USUÁRIAS DE CRACK RESIDENTES EM PERNAMBUCO
NAÍDE TEODÓSIO VALOIS SANTOS - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES, FIOCRUZ, RENATA BARRETO FERNANDES DE ALMEIDA - CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFBV, IRACEMA DE JESUS ALMEIDA ALVES JACQUES - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES, FIOCRUZ, CAMILA PIMENTEL LOPES DE MELO - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES, FIOCRUZ, ANA MARIA DE BRITO - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES, FIOCRUZ


Apresentação/Introdução
Os esforços brasileiros para qualificar a atenção à saúde sexual e reprodutiva ainda falham em especificar as peculiaridades na atenção às mulheres que usam drogas, sendo esta uma condição de grande vulnerabilidade, que demanda um olhar singular. Os desafios se mostram complexos e multifatoriais, em especial na atenção e proteção às mulheres que fazem uso de crack.

Objetivos
Identificar o perfil da história reprodutiva de mulheres que fazem uso de crack em Pernambuco, Nordeste brasileiro.

Metodologia
Estudo sociocomportamental, transversal, representativo das usuárias de crack atendidas pelo Programa Atitude de Pernambuco, programa de proteção social que funciona como ponto de acolhimento e apoio, com adesão voluntária, sem exigir participação em atividades ou tratamento da dependência. A amostra foi calculada com base no número anual de atendimentos e a prevalência estimada de HIV, e distribuída proporcionalmente ao atendimento pelos núcleos do Programa nos municípios de Recife, Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho, na região Metropolitana, e Caruaru, no Agreste. Foram aplicados questionários sociocomportamentais em 243 mulheres, entre agosto de 2015 e agosto de 2016.

Resultados
A maioria tinha entre 18 e 34 anos (85,6%), eram negras (84,4%), solteiras (60,5%) e vivia em situação de rua (52,7%). No momento da pesquisa 13,2% estavam grávidas, entre as que já engravidaram (90,9%), 78,3% tiveram gestações após início do uso de crack e, entre estas, 85,5% mencionaram ter feito uso da droga durante a gestação. O estudo revelou que 83,9% referiram ter filhos, mas apenas 19,1% moravam com eles. Quanto aos diversos motivos pelos quais procuraram o Atitude, 12,8% mencionaram para recuperar a guarda ou cuidar dos filhos. Entre as que têm filhos mas não moram com eles ou perderam a guarda, 25,3% gostariam que o Programa as ajudasse a recuperá-los.

Conclusões/Considerações
Nota-se, nesse contexto de uso de drogas e gestação, que situações comuns de afastamento das mulheres que fazem uso de crack de seus filhos são geradores de sofrimento, reforçando a necessidade de ações intersetoriais e multidisciplinares voltadas para esse segmento populacional, visando garantir tanto os preceitos da justiça reprodutiva, como de proteção social voltadas para a guarda e cuidado dos filhos.