Sessão Assíncrona


SA13.3 - INTERSECCIONALIDADE, GÊNERO E SAÚDE (TODOS OS DIAS)

40298 - “DUPLA MATERNIDADE” COMO RESISTÊNCIA À BIOPOLÍTICA: REFLEXÕES A PARTIR DAS CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS DE PAUL B. PRECIADO
STEPHANY YOLANDA RIL - UFSC, MÔNICA MACHADO CUNHA E MELLO - UFSC, DALVAN ANTONIO DE CAMPOS - UFSC, JOÃO BATISTA DE OLIVEIRA JUNIOR - UFSC, MATHEUS DE ABREU - UFSC, MURILO KAZUO IWASSAKE - UFSC, VINÍCIUS ANDRÉ BOFF - UFSC, CHRISTINE SODRÉ FORTES - UFSC, VIRGÍNIA DE MENEZES PORTES - UFSC, RODRIGO OTÁVIO MORETTI-PIRES - UFSC


Apresentação/Introdução
A presente pesquisa, realizada no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Santa Catarina, tece reflexões a partir do olhar de Paul B. Preciado na obra “Manifesto Contrassexual: práticas subversivas de identidade sexual” (2014), sobre a homoparentalidade feminina no Brasil, bem como, busca problematizar a noção de dupla maternidade.

Objetivos
Analisar a “dupla maternidade” a partir da discussão desenvolvida por Paul B. Preciado no livro “Manifesto Contrassexual: práticas subversivas de identidade sexual” (2014).


Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa com mulheres mães cisgênero não heterossexuais. Para a coleta de dados foram realizadas nove entrevistas abertas e um grupo focal. Todas as técnicas foram executadas de modo assíncrono na mídia social WhatsApp. A escolha desta plataforma reside na condição de ser amplamente utilizada como meio de comunicação. Encontrou-se as participantes no Instagram, através da hashtag #duplamaternidade. Foi utilizado a hermenêutica enquanto método de análise das falas das participantes. Destaca-se que o projeto da pesquisa foi devidamente aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEPSH/UFSC) sob parecer número 3.853.350.


Resultados
Os achados dessa pesquisa demonstram o apagamento social da “dupla maternidade”, com destaque para os serviços de saúde pública e particular, sendo que somente as mães que gestam foram vistas como mães nesses espaços. Esses resultados indicam que a heteronormatividade atravessa os saberes dos (as) profissionais de saúde e resultam em situações de violência e exclusão das famílias homoparentais. A inseminação caseira, um método de inseminação que não depende das clínicas de reprodução assistida para sua execução, é apontada nesta pesquisa como um meio de resistência das mulheres lésbicas ou bissexuais que desejam ser mães.

Conclusões/Considerações
A partir da discussão é possível compreender a maternidade como tecnologia de sexualidade, estando atrelada a um discurso biológico e binário. Desse modo, a “dupla maternidade” enfrenta barreiras de reconhecimento, uma vez que a noção de maternidade está relacionada à mulher heterossexual. Nessa direção, a sociedade contrassexual advogada por Paul Preciado como resistência ao biopoder, permite reinventar o entendimento da dupla maternidade.