SA13.3 - INTERSECCIONALIDADE, GÊNERO E SAÚDE (TODOS OS DIAS)
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39374 - A PERCEPÇÃO DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA POR MULHERES NEGRAS EM UMA USF EM SALVADOR (BA) E OS IMPACTOS OBSERVADOS THAYANA VICTÓRIA SANTOS SILVA - UNEB, TALITA ROCHA DE AQUINO - UNEB, ANA GABRIELA TRAVASSOS - UNEB
Apresentação/Introdução A atenção obstétrica no Brasil é dirigida através de normas, a exemplo da Rede Cegonha, entretanto o excesso de intervenções desnecessárias e violentas durante o ciclo gravídico puerperal são barreiras na sua aplicabilidade. Essas intervenções são conhecidas como violência obstétrica. Ao avaliar o impacto do marcador raça, o racismo institucional culmina num pior atendimento às mulheres negras.
Objetivos Compreender a percepção e os impactos da violência obstétrica em mulheres negras
Metodologia Estudo exploratório de abordagem quanti-qualitativa realizado com mulheres numa Unidade de Saúde da Família (USF) de Salvador-BA. Foram realizadas duas etapas: Aplicação de questionário sociodemográfico, com dados do atendimento recebido no ciclo gravídico-puerperal, em seguida uma entrevista semiestruturada com aquelas autodeclaradas negras. Foram construídas frequências simples correlacionando os dados com o quesito raça/cor na etapa um, enquanto os dados da etapa dois foram analisados pela Teoria da Análise de Discurso de Minayo.
Resultados Participaram 20 mulheres, sendo 17(85%) negras e 3(15%) não negras. O acompanhamento possibilitou às entrevistadas a realização de pré-natal adequado quantitativamente (>6 consultas). A idade variou de 18 a 25 anos, a renda média ≤ um salário-mínimo, e parto em maternidades públicas. Com relação às mulheres negras, 52,9% não puderam escolher em que posição parir e 70,5% tiveram restrição alimentar ou lavagem intestinal no pré-parto. As participantes conseguiram perceber a prática de violência obstétrica nos serviços, correlacionando à sua raça/cor e condição social, o que resultou em desejo de não gestar novamente e relatos de depressão pós-parto.
Conclusões/Considerações A pesquisa demonstrou a necessidade em aprimorar o atendimento nas maternidades. Os achados sugerem a necessidade de maior capacitação das equipes quanto ao racismo e necessidade de intervenção mínima no ciclo gravídico-puerperal, com exercício da equidade e compreensão de como as interseccionalidades atuam no corpo feminino negro, além de maior educação das mulheres sobre seus direitos para que possam lutar para assegurá-los.
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