SA13.2 - INTERSECCIONALIADE, DIREITOS HUMANOS: O RACISMO NA SAÚDE (TODOS OS DIAS)
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44159 - TRABALHADORAS DOMÉSTICAS COMO PRODUTO DA COLONIALIDADE: UM ASPECTO CENTRAL DA ACUMULAÇÃO DE RIQUEZA NO BRASIL. VERONICA SOUZA DE ARAUJO - UFBA, LENY ALVES BOMFIM TRAD - UFBA
Apresentação/Introdução O trabalho doméstico, desempenhado pelas mulheres, é pouco ou mal remunerado e sustenta a produção de riquezas no sistema capitalista. O Brasil é o país com o maior número de pessoas empregadas nesse segmento; são cerca de 6,2 milhões de pessoas, majoritariamente mulheres negras, responsáveis por um trabalho marcado pela desvalorização e sujeito à frágil proteção social e ao assédio.
Objetivos Discutir a posição de subalternidade da mulher negra na sociedade brasileira, reificada no trabalho doméstico remunerado, como produto da colonialidade presente nas relações sociais, estruturada sobre as intersecções de gênero, raça e classe.
Metodologia Trata-se de uma pesquisa qualitativa com emprego de ferramentas etnográficas, com enfoque histórico-estrutural (materialismo dialético) que compõe uma tese de doutorado em fase de pré-campo. Empregou-se o levantamento bibliográfico do estado da arte sobre colonialidade e trabalho doméstico no Brasil, em diálogo com experiências da diáspora africana. Além disso, realizamos uma pré-análise documental e de dados secundários sobre o trabalho doméstico remunerado no país, além da análise da produção teórica das trabalhadoras domésticas organizadas nos sindicatos que compõem a FENATRAD (Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas).
Resultados As trabalhadoras domésticas remuneradas recebem alguns dos mais baixos salários do país, cerca de 92% do salário mínimo em 2018; em 2019, 72% estavam na informalidade (IPEA). Esse trabalho se relaciona com o período colonial e com a escravidão, e a sua persistência e desvalorização permitem observar a continuidade de relações escravistas na modernidade, organizadas com base no racismo e no patriarcalismo, a partir de sistemas de poder fundados na subalternização de africanos e povos indígenas nas Américas. Esse trabalho viabiliza a acumulação de capital pelas classes dominantes, à medida que garante a reprodução da vida a custo baixíssimo.
Conclusões/Considerações A persistência do trabalho doméstico como função das mulheres negras não se explica pelas desigualdades econômicas entre os diferentes grupos raciais. A colonialidade que sustenta as relações sociais no Brasil permite compreender a produção de discursos e estruturas que naturalizam a mulher negra como principal responsável pelo cuidado reprodutivo, e invisibiliza o seu papel como central para a acumulação de riquezas pelas classes dominantes.
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