Sessão Assíncrona


SA13.2 - INTERSECCIONALIADE, DIREITOS HUMANOS: O RACISMO NA SAÚDE (TODOS OS DIAS)

43716 - TOMBANDO HOMENS NEGROS: GENOCÍDIO ANTINEGRO, MASCULINIDADES E SAÚDE
DIOGO SOUSA - ISC/UFBA, ANA LUIZA PINHEIRO FLAUZINA - FACED/UFBA, JORGE ALBERTO BERNSTEIN IRIART - ISC/UFBA


Apresentação/Introdução
As experiências dos homens negros são marcadas por vilipêndios chancelados pelo Estado e sociedade civil. No campo da saúde, há uma enorme lacuna discursiva sobre esse grupo que concentra as maiores taxas de morbimortalidade por causas preveníveis e tratáveis. As desigualdades de transplantes de órgãos informam sólidas relações com esse quadro de morte, efeito do genocídio antinegro brasileiro.

Objetivos
Discutir a saúde dos homens negros a partir das dinâmicas estruturadas pelo genocídio antinegro e das disputas no campo das masculinidades, considerando a morbimortalidade de homens negros e a desigualdade dos transplantes de órgãos no Brasil.

Metodologia
Trata-se de uma pesquisa teórica com foco na análise crítica sobre a saúde dos homens negros no Brasil, tomando o genocídio antinegro como base teórica para tratar do campo da saúde, da configuração das masculinidades negras e da situação das desigualdades dos transplantes de órgãos no Brasil. Com base nos conteúdos do genocídio antinegro, foram realizadas revisões sobre saúde e racismo, masculinidades negras, saúde dos homens negros e transplantes de órgãos. Dados sobre as desigualdades de transplantes de órgãos oferecem subsídio discursivo para a análise da questão.

Resultados
O genocídio antinegro estrutura o campo brasileiro da saúde, negando os agenciamentos e esforços empreendidos pela população negra e desqualificando o grave cenário de mortes preveníveis e tratáveis imposto a esse grupo. O quesito raça-cor é constantemente descartado das análises sobre saúde do homem, conduzindo as discussões sobre masculinidades e saúde ao universalismo branco. Ao produzir os homens negros como inimigos públicos, o Estado aplaca as estratégias de cuidado e a qualidade de vida desse segmento, sendo-lhe destinado o encarceramento e a morte violenta. Os transplantes de órgãos informam, além das desigualdades, o benefício da sobrevida ao segmento de homens brancos.

Conclusões/Considerações
As experiências dos homens negros e as masculinidades negras no campo da saúde só parecem tramar sentido ao pautar a amefricanização da saúde, isto é, a centralidade da experiência negra como postura política antigenocida. O genocídio antinegro define as zonas do ser e do não-ser, sendo a morte o traço distintivo. A morte negra está posicionada para a sobrevida de pessoas brancas, entre homens negros tombados e o transplante dos seus órgãos.