Sessão Assíncrona


SA13.2 - INTERSECCIONALIADE, DIREITOS HUMANOS: O RACISMO NA SAÚDE (TODOS OS DIAS)

43371 - BLACKWASHING FEITO POR EMPRESAS DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS E DE BEBIDAS NO BRASIL - A BIG FOOD ESTÁ MESMO ENGAJADA NA PAUTA DE JUSTIÇA RACIAL?
LETÍCIA DE FREITAS PORTUGAL - UFF, CAMILA DE PAULA PINTO DA CONCEIÇÃO - UFF, VITÓRIA LÚCIA SILVA DE MORAES - UFF, LUCIENE BURLANDY CAMPOS DE ALCÂNTRA - UFF, CAMILA MARANHA PAES DE CARVALHO - UFF


Apresentação/Introdução
Não é de hoje que empresas realizam ações de social washing (como campanhas de relações públicas e marketing) para aumentar sua reputação positiva perante o público. Novas são as ações de blackwashing, caracterizadas por aquelas em que as empresas se demonstram engajadas em pautas de justiça racial, em especial depois do movimento BlackLivesMatter, mas que não enfrentam a questão estruturalmente.

Objetivos
Investigar as ações de blackwashing de cinco grandes empresas da indústria de alimentos e bebidas do Brasil que se comprometeram com o projeto ‘Movimento pela Equidade Racial’ (Mover), uma iniciativa lançada em 2021 para “combater o racismo no país”.

Metodologia
Realizou-se análise documental referente a atividades políticas corporativas, com foco naquelas de blackwashing. Foram selecionados e analisados relatórios anuais (de 2019 a 2021) das maiores empresas de alimentos e bebidas ultraprocessados do Brasil comprometidas com o projeto MOVER, sendo elas: AMBEV, Coca-Cola, Nestlé, JBS e Grupo Carrefour. A coleta e análise de dados envolveu o uso de planilhas, usando o Google sheets, com informações sobre título do documento, a quem se dirige, principais objetivos, questões de equidade e representatividade racial, saúde e nutrição e dados de atuação das empresas na sociedade, na justiça, nos dados e na política, envolvendo a população negra no Brasil.

Resultados
Foram analisados 12 relatórios anuais, uma vez que três empresas ainda não lançaram o de 2021. Foi observada uma grande discrepância entre o número de medidas propostas pelos diferentes atores. Aquelas que menos abordaram o tema foram Nestlé e JBS, enquanto as que mais citaram ações relacionadas foram Ambev e Grupo Carrefour, ainda que seus planos de ação fossem pouco explicativos. Observou-se crescente aumento ao longo dos anos analisados, o que está relacionado ao contexto social de relevância da pauta do racismo, ocorrido após as grandes manifestações de 2020, em decorrência dos assassinatos de George Floyd nos EUA e de João Alberto Freitas no Brasil em uma unidade do Grupo Carrefour.

Conclusões/Considerações
Foram observados indícios nos relatórios de algumas das empresas estudadas de busca pela equidade racial, mas com metas evasivas, que mais parecem se voltar para moldar o imaginário social em favor do setor. A pesquisa traz um tema inovador que explora ações corporativas de blackwashing em cima de pautas que estão movimentando opiniões públicas, através de um sistema estruturado na exploração, opressão e prejuízo à saúde de pessoas negras.