SA13.2 - INTERSECCIONALIADE, DIREITOS HUMANOS: O RACISMO NA SAÚDE (TODOS OS DIAS)
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43026 - A DESTITUIÇÃO DO ANTROPOCENTRISMO: UMA ANÁLISE DECOLONIAL DOS IMPACTOS DE CRIMES E RACISMO AMBIENTAL À VIVÊNCIA DO POVO KRENAK. LARA VITÓRIA LARA DA SILVA D‘ALMEIDA - IESC/UFRJ, DEBORAH CAVALCANTI COELHO - IESC/UFRJ
Apresentação/Introdução Os saberes indígenas, espremidos e deslocados para as margens, denunciam os danos provocados pelo modo de se pensar a modernidade, que produz desigualdades e injustiças sociais em saúde. Esta pesquisa propõe analisar as contribuições de lideranças indígenas, jogando luz ao crime de Mariana/MG como mais um exemplo de exploração e destituição do povo Krenak e os impactos em saúde que isso traz.
Objetivos Esta pesquisa objetiva analisar os impactos da epistemologia ocidental sobre a produção de desigualdades e injustiças sociais em saúde ao povo Krenak, a partir dos crimes e racismo ambiental, e as consequências do crime de Mariana/MG para este grupo.
Metodologia A pesquisa segue uma abordagem qualitativa, desenvolvendo-se a partir de uma revisão bibliográfica, analisando os achados das fontes secundárias, a fim de fazer uma análise decolonial do histórico de exploração aos povos indígenas, crimes e racismo ambientais que impactam na vida desse grupo. Além disso, para aprofundar sobre as consequências do desastre ambiental de Mariana/MG ao povo Krenak, bem como os impactos na saúde, buscou-se recuperar e utilizar como referência o discurso de líderes do povo Krenak.
Resultados A análise verificou que o crime ocorrido em Mariana/MG em 2015, os estupros de mulheres indígenas e a mineração clandestina não são fatos isolados, mas uma das diversas formas de violência, consequência do colonialismo. Reconhecendo o desastre como fruto do desenvolvimento da sociedade moderna, as narrativas do povo Krenak afluem para uma crítica profunda a esse projeto. O projeto colonial capitalista subjuga os saberes e percepções dos povos indígenas, e compreende a natureza apenas como promotora de matéria-prima. No descolamento com a vida, reside a banalização da exploração da natureza, que culmina na produção de iniquidades e racismo ambiental, que causam impactos diretos na saúde.
Conclusões/Considerações As questões ambientais são discutidas moralmente sob um viés antropocêntrico, ao compreender o meio ambiente apenas necessário para obedecer aos interesses humanos. É necessário seguir rumo à uma moral que incorpore a vida, em todas as suas expressões, como valiosa e, portanto, necessária de cuidado e preservação. O povo Krenak anuncia a necessidade de repensar práticas e produzir outros mundos e saúde, não somente desse povo, mas de todos.
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