SA13.2 - INTERSECCIONALIADE, DIREITOS HUMANOS: O RACISMO NA SAÚDE (TODOS OS DIAS)
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41479 - BRANQUITUDE: CATEGORIA DE ANÁLISE FUNDAMENTAL À DESCOLONIZAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA FLÁVIA DE ASSIS SOUZA - INSTITUTO FERNANDES FIGUEIRA-IFF/FIOCRUZ, THAMIRES MONTEIRO DE MEDEIROS - INSTITUTO DE MEDICINA SOCIAL HÉSIO CORDEIRO (IMS/UERJ)
Apresentação/Introdução Diversos estudos têm demonstrado como o campo da Saúde Pública compõe em diversos momentos históricos o projeto colonial surgido na modernidade. As desigualdades oriundas do ensejo colonial contam com mecanismos de reatualização e destacamos no presente estudo os papéis da branquitude e do mito da democracia racial no Brasil como meio de reprodução do racismo na saúde.
Objetivos Compreender a relação do mito da democracia racial com eventos de negação do racismo como determinador social da saúde. Discutir a branquitude como categoria de análise fundamental para a superação das desigualdades raciais em saúde.
Metodologia
Trabalho ensaístico que contou com uma hipótese de origem: no Brasil a noção do mito da democracia racial foi criada e sustentada por uma elite branca e compõe a colonialidade brasileira. No campo da saúde, a junção do mito da democracia racial e branquitude tem suprimido o racismo como um determinador social da saúde, o que gera consequências na produção do conhecimento e na produção de políticas públicas. Se cotejou a literatura decolonial brasileira e latino-americana, a literatura brasileira que constrói a noção de mito da democracia racial e a que nos proporciona entendimento sobre os modos de produção e reatualização da branquitude.
Resultados No Brasil, o mito da democracia racial esconde a escravização de povos racializados como um legado que produz um elemento estruturante na produção das desigualdades em saúde. Ignorar o impacto do colonialismo como gerador de desigualdade nas sociedades colonizadas mascara as histórias racistas e coloniais que deram origem a uma carga global injusta de doenças. Assim, a análise simplista dos determinantes isolados da saúde escondeu a complexidade da produção das desigualdades em contextos de colonialidade. Somado a isso, enraizada na fibra dos sistemas sociais e políticos do passado e do presente, a supremacia branca recria as desigualdades que os cuidados de saúde procuram desfazer.
Conclusões/Considerações O reconhecimento de que a supremacia branca reside nos pressupostos que sustentam o campo de conhecimento e prática da saúde pública deve ser tomado como uma posição urgente para os pesquisadores da área. Não há possibilidade de discutir um futuro para a saúde pública, local e globalmente, sem reconhecer como a branquitude é engendrada nas instituições de saúde, nos programas de graduação e pós-graduação, nos governos e nos serviços de saúde.
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