Sessão Assíncrona


SA13.2 - INTERSECCIONALIADE, DIREITOS HUMANOS: O RACISMO NA SAÚDE (TODOS OS DIAS)

40975 - A INDISSOCIABILIDADE ENTRE A SAÚDE HUMANA E DAS PAISAGENS NA CONSTRUÇÃO DA AGROECOLOGIA EM UM TERRITÓRIO QUILOMBOLA NO EXTREMO-NORTE DO ESPÍRITO SANTO
GABRIELA PÔRTO MARQUES - ICEPI, GUSTAVO ROVETTA PEREIRA - UFRGS


Apresentação/Introdução
O Sapê do Norte é um grande território quilombola no norte do Espírito Santo que desde os anos de 1960 passa por um acentuado processo de colonização pela indústria de celulose, através da implantação de extensos monocultivos de eucalipto. Em vista disso, os quilombolas empreenderam uma diversidade de estratégias de permanência, dentre elas a captura e o desenho de uma agroecologia própria.

Objetivos
O propósito deste texto é apresentar como, a partir das experiências de um quilombola, a agroecologia vem sendo capturada e desenhada no sentido da transformação das condições de habitabilidade da região e da saúde dos territórios quilombolas.

Metodologia
A pesquisa foi realizada através de uma abordagem de caráter etnográfico, se utilizando da observação participante, em diferentes momentos e ao longo de variadas localidades e processos dentro do Sapê do Norte, entre 2018 e 2021. Sobretudo, no acompanhamento da trajetória e dos projetos de agroecologia e desenvolvimento rural de um quilombola da comunidade de Angelim 1, aqui identificado como JB. De outro modo, também nos utilizamos de fontes secundárias relacionadas a livros, artigos, documentos oficiais, relatórios, dissertações e teses sobre o referido contexto.

Resultados
Com o monocultivo de eucalipto, os quilombolas perderam florestas, locais de lavoura, de caça e pesca, a disponibilidade de água, a fertilidade dos solos, as trilhas e da proximidade entre as comunidades, isto é, as condições de reprodução social dos quilombos. Diante disto, JB encampou um processo de difusão da agroecologia através da implantação de sistemas agroflorestais em terras de sua família, tal qual, encampou projetos em interlocução com parceiros na localidade. Isto, com o objetivo de recuperação das florestas, de uma agricultura para autoconsumo, do trabalho coletivo e da disponibilidade de água, condições básicas para a saúde dos quilombolas e de seus territórios.

Conclusões/Considerações
A partir das experiências agroecológicas de JB, compreendemos que as condições de saúde dos quilombolas, de uma perspectiva multidimensional, dependem da regeneração das paisagens habitadas por essas populações. Deste modo, buscando reinstaurar a produção para o autoconsumo, a disponibilidade de água e a possibilidades ambientais para a saúde e para a criatividade cultural dos povos.