Sessão Assíncrona


SA13.2 - INTERSECCIONALIADE, DIREITOS HUMANOS: O RACISMO NA SAÚDE (TODOS OS DIAS)

39199 - RACISMO, SAÚDE BUCAL NA GESTAÇÃO E INTEGRALIDADE DO CUIDADO: O QUE NOS DIZEM AS GESTANTES DE ALVORADA/RS SOBRE O PRE-NATAL E PARTO
ROSE MARI FERREIRA - UNISINOS, ALCINDO ANTÔNIO FERLA - UFRGS


Apresentação/Introdução
Os cuidados com a saúde bucal da mulher na gestação são importantes também durante o acompanhamento do pré-natal e têm reflexos na saúde da mulher e do bebê. Toda mulher tem direito ao atendimento digno, resolutivo e de qualidade durante gestação, parto e pós-parto. A integralidade do cuidado é direito previsto na Constituição e inclui a escuta qualificada das mulheres em atendimento.

Objetivos
O objetivo geral da pesquisa foi analisar a integralidade do cuidado em saúde bucal no pré-natal, a partir das informações sobre cuidado relatadas pelas gestantes.

Metodologia
A pesquisa teve delineamento qualitativo e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. Os instrumentos de produção de dados foram questionário de identificação sociodemográfica, entrevistas com roteiro semiestruturado e anotações em caderno de campo. Os dados foram tratados utilizando-se a análise temática de conteúdo com a construção de categorias teóricas e empíricas. As entrevistas aconteceram no período de dezembro de 2020 a fevereiro de 2021. Foram entrevistadas 7 mulheres, sendo 4 mulheres negras (pretas e pardas), 2 mulheres brancas e uma mulher indígena, moradoras em Alvorada/RS.

Resultados
Mais da metade das gestantes havia finalizado o ensino médio e apresentava renda mensal de até R$ 2.090,00. Os resultados apontaram que não foram ofertadas consultas odontológicas durante a gestação para 86% das gestantes. Como evidências de déficit de integralidade, o medo de submeter-se a tratamento odontológico com uso de anestesia dentária durante a gestação foi constante nos resultados e teve origem em informações não esclarecidas nos atendimentos prévios. Metade das gestantes negras relatou ter sofrido racismo e violência obstétrica. Todas as entrevistadas manifestaram medo em não poder ter acompanhante no parto devido à pandemia da COVID-19.

Conclusões/Considerações
A pesquisa evidenciou que a atenção à saúde é mais do que a satisfação de necessidades de saúde das pessoas e coletividades: também é um marcador avaliativo da justiça social e da satisfação dos direitos previstos na legislação. Evidenciou-se que a consulta odontológica ainda não se constitui como rotina no pré-natal, constituindo déficit de integralidade no cuidado. Identificou o racismo como um dos componentes da violência obstétrica.