Sessão Assíncrona


SA13.2 - INTERSECCIONALIADE, DIREITOS HUMANOS: O RACISMO NA SAÚDE (TODOS OS DIAS)

39130 - SAÚDE MENTAL E RACISMO NO BRASIL DO SÉCULO XX: NARRATIVAS DE LIMA BARRETO E ELUCUBRAÇÕES ULTERIORES
RENAN VIEIRA DE SANTANA ROCHA - UFBA, LUÍS AUGUSTO VASCONCELOS DA SILVA - UFBA, WESLEY BARBOSA CORREIA - IFBA


Apresentação/Introdução
O presente trabalho deriva de uma pesquisa, em nível doutoral, na área de Saúde Coletiva, que procura compreender como se deu a correlação entre Saúde Mental e racismo na oferta de cuidados em Saúde Mental ao longo do século XX no Brasil, partindo da análise do relato contido na obra “Diário do Hospício & O Cemitério dos Vivos” (1956), de Lima Barreto.

Objetivos
Seu objetivo geral é identificar as narrativas produzidas sobre a relação entre Saúde Mental e racismo no início do século XX, no Brasil, a partir da obra autobiográfica Diário do Hospício & O Cemitério dos Vivos (1956), de Lima Barreto.

Metodologia
Esta pesquisa compreende-se no campo teórico, metodológico e crítico da Saúde Coletiva, a partir de sua área de concentração em Ciências Sociais em Saúde, estando também na interface entre a Saúde Mental e os Estudos Étnicos e Raciais. Parte-se de uma abordagem qualitativa e bibliográfica (MINAYO; DESLANDES; ROMEU, 2012), sendo o seu método de produção e análise de dados a Análise de Narrativas Autobiográficas – conforme se verá, respectivamente, em Schütze (1976; 2014) e Jovchelovitch e Bauer (2002). Tal método foi aplicado à análise da obra Diário do Hospício & O Cemitério dos Vivos (1956), de Lima Barreto.

Resultados
Lima Barreto foi um dos primeiros homens negros brasileiros a ter escrito sobre a realidade de um hospital psiquiátrico no país, quando de sua própria internação. Não se pode afirmar, categoricamente, que estas vivências o conduziram aos percalços com os quais se deparou em vida; todavia, tais percalços somam-se a um todo de análises que o próprio autor produziu, em suas obras, sobre a vida no Brasil do início do século XX. Ele evidencia a existência de um sistema opressor ante a população que se metaforiza na expressão do que deveria ser o “cuidado” às pessoas “alienadas” ou “loucas”, mas que acaba revelando-se como algo humilhante – especialmente quando direcionado a pessoas negras.

Conclusões/Considerações
Longe de propor conclusões definitivas, procuramos provocar quais lugares foram reservados ao pensamento psicológico nacional na obra de Lima Barreto, de forma a que esta pesquisa possa, então, balizar a análise de nossas práticas profissionais em Saúde Mental na atualidade, evitando a repetição de erros do passado, e provocando a produção de práticas em saúde mental que se proponham, efetivamente, antimanicomiais e antirracistas.