Sessão Assíncrona


SA13.2 - INTERSECCIONALIADE, DIREITOS HUMANOS: O RACISMO NA SAÚDE (TODOS OS DIAS)

38583 - MATERNIDADES NEGRAS EM RODA
MÁRCIA DA SILVA PEREIRA - FIOCRUZ, ADRIANA MIRANDA DE CASTRO - FIOCRUZ


Período de Realização
As rodas de conversa iniciaram durante a pandemia e ainda estão acontecendo.

Objeto da experiência
Os efeitos do racismo estrutural na construção da maternidade preta e as possibilidades do aquilombamento em sua ressignificação.

Objetivos
Construir espaço dialógico para que mulheres pretas possam narrar, compartilhar e ressignificar suas experiências de maternagem a partir da identificação dos atravessamentos e efeitos do racismo estrutural. Propiciar a reconstrução coletiva e afetiva da imagem de si no papel/lugar de mãe preta.

Metodologia
Ancorada na cosmogonia afro-diaspórica, a metodologia retoma as ideias de roda, terreiro e quilombo, investindo na circularidade do espaço e na horizontalidade da conversa para que venham à toa histórias, vivências e acolhimentos transformadores. Pela valorização da oralidade produz-se o reconhecimento das violências experimentadas e ancestrais e estabelece-se processo de aquilombamento, ampliando horizontes e impulsionando atitudes que rompam com a colonialidade no país.

Resultados
Encontrar histórias próximas às suas, atravessadas por violência obstétrica e racismo, possibilita que mulheres pretas rompam o padrão idealizado de maternagem. Na pluralidade de relatos, afirmam um amor materno processual e o questionam por, em sua maioria, não se enquadrarem na estrutura familiar hegemônica, criando sozinhas os filhos. Trabalham a angústia de serem provedoras de afeto e de sustento para os filhos, deixando de lado o autocuidado, inclusive com a própria saúde.

Análise Crítica
O movimento em roda permitiu visibilizar a pluralidade de experiências da maternagem, teceu vínculos de reconhecimento e pertencimento a outras formas de amar os filhos e explicitou as marcas do racismo nos processos de produção de culpa e angústia, despessoalizando as inquietações e possibilitando processos de cura. Aquilombar-se implicou abertura de caminhos para outras expressões da maternidade e do feminino preto.

Conclusões e/ou Recomendações
A presença das mulheres pretas nas rodas de conversa e a intensidade de suas falas revelam, para além do racismo estrutural, as dificuldades dos serviços de saúde acolherem suas singularidades quanto à maternagem e o quanto eles reproduzem práticas violentas no cuidado. Os aportes das pensadoras negras quanto à solidão e ao sofrimento das mulheres pretas e à importância da interseccionalidade é fundamental nesse cenário.