Sessão Assíncrona


SA13.1 - POPULAÇÃO LGBTQIA+: INTERSECCIONALIDADE, DIREITOS HUMANOS E CUIDADO EM SAÚDE (TODOS OS DIAS)

43395 - A PSICANÁLISE E AS TRANSIDENTIDADES: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
VANESSA BARBOSA - UFS, MICHELLE SANTOS DA SILVA - UFS, EDUARDO LEAL CUNHA - UFS


Apresentação/Introdução
Estar fora do território de inteligibilidade do gênero confere as transidentidades o caráter de dissidência em relação à norma, ao mesmo tempo em que põem em questão o sistema normativo sexo-gênero. A psicanálise vinculou a transexualidade a categorias psicopatológicas, mas ao perder espaço a partir de 1970, principalmente pela ascensão dos movimentos LGBTTQIA, foi obrigada a rever seus discursos.

Objetivos
Trata-se de uma revisão sistemática da literatura psicanalítica sobre as transidentidades, investigando os métodos, aspectos clínicos e as principais formulações teóricas utilizados na produção científica psicanalítica sobre as transidentidades.

Metodologia
Foi analisada a literatura utilizando os bancos SciELO e PePSIC. O levantamento foi realizado entre 12/01/2019 a 02/02/2019, com combinação dos descritores: clínica psicanalítica; psicanálise AND transidentidades; transexualismo; transexualidade; transexual; diferença sexual; transgênero; transgeneridade; travesti; travestilidade; travestismo; processo transexualizador OR redesignação sexual. Critérios de inclusão: publicação na íntegra; periódicos brasileiros de livre acesso; responder ao problema de pesquisa; psicanálise como referência teórica ou clínica; português ou inglês; e publicações entre 2000 a 2018. Utilizou-se a leitura dos resumos e sumários para escolha dos artigos.

Resultados
Foram coletados 116 artigos, 34 aprovados e 82 reprovados. Observa-se um aumento de publicações entre 2016 e 2018. As referências mais citadas foram Lacan, Freud e Stoller. Os conceitos mais utilizados foram Foraclusão, Diferença Sexual e Complexo de Édipo. As metodologias utilizadas foram pesquisas teóricos (16), estudo de caso (10), análise de material (7) e pesquisa empírica (1). A participação de sujeitos trans nas pesquisas deu-se enquanto objeto (21) ou estabeleceu contato com pessoas trans (13). Sobre as categorias diagnósticas, dezessete pesquisas não as utilizaram, enquanto outros dezessete defendem as categorias: psicose, perversão, transtorno de gênero e histeria.

Conclusões/Considerações
Cerca de 67% dos artigos refletiram acerca das transidentidades no campo teórico, fazendo poucas ou nenhuma menção à experiência clínica, que é notadamente escassa. A teoria à qual se referem e buscam destrinchar é baseada em produções mínimas de Freud ou Lacan. Precisamente 38% dos trabalhos não expressaram contato com pessoas trans e nenhum artigo foi produzido por estes, isto é, autores psicanalíticos produzem sem contato com pessoas trans.