Sessão Assíncrona


SA13.1 - POPULAÇÃO LGBTQIA+: INTERSECCIONALIDADE, DIREITOS HUMANOS E CUIDADO EM SAÚDE (TODOS OS DIAS)

42828 - SÍFILIS ENTRE MULHERES PRIVADAS DE LIBERDADE NO BRASIL: UMA PERSPECTIVA SINDÊMICA E INTERSECCIONAL
MARTO LEAL - UFC, MAYARA LEAL PINHEIRO - FANOR, LÍGIA KERR - UFC, CARL KENDALL - TULANE UNIVERSITY, LUIS WAGNER DE SOUSA OLIVEIRA - FANOR, DEISE MARIA NASCIMENTO DE SOUSA - FANOR


Apresentação/Introdução
Mulheres privadas de liberdade apresentam prevalência de doenças maiores do que homens presos e mulheres da população geral. Dentre estas condições, as infecções sexualmente transmissíveis, especialmente a sífilis, apresentam prevalências consideradas alarmantes dentro dos presídios em todo o mundo. Diversos fatores parecem estar associados a este quadro, incluindo a raça e a escolaridade.

Objetivos
Caracterizar a magnitude da sífilis entre mulheres privadas de liberdade no Brasil sob a perspectiva sindêmica e interseccionalidade de raça e escolaridade.

Metodologia
Estudo transversal realizado em 15 unidades prisionais de 9 estados brasileiros. Foram incluídas mulheres cumprindo pena há pelo menos seis meses em regime fechado ou semiaberto. O processo de amostragem se deu por múltiplos estágios, incluindo etapas de amostra aleatória e por conglomerado. A sífilis na vida foi estimada através de teste rápido. Análises logísticas multivariadas com cálculo de Odds ratio e respectivos intervalos de confiança estimaram o efeito sindêmico da raça (negra) e escolaridade (fundamental incompleto) na ocorrência de sífilis. Um modelo multivariado hierárquico e ponderado por faixa etária foi elaborado para identificar os fatores associados a sífilis.

Resultados
Mulheres que apresentam um fato sindêmico tiveram 1.9 (IC: 1.1 – 3.5) vezes mais chances de ter sífilis, enquanto que com os dois fatores a chance foi 2.7 (IC: 1.4 – 4.9) vezes maior. A sífilis foi associada com a sindemia de raça/escolaridade, ter sido moradora de rua, não ter trabalho remunerado na prisão, ter tido primeira relação sexual antes dos 15 anos, ter autopercepção de saúde ruim e não ter recebido preservativo na escola.

Conclusões/Considerações
A maioria das mulheres privadas de liberdade advém de contextos de vida desfavoráveis com acesso limitado a saúde. O mesmo acontece com mulheres negras e de baixa escolaridade. A conjunção desses fatores parece criar um cenário preocupante com elevada prevalência de sífilis. É preciso responder ativamente à doença não só para reduzir os custos gerais de saúde e melhorar as oportunidades na sociedade pós-prisão, mas em respeito aos direitos humanos.