SA13.1 - POPULAÇÃO LGBTQIA+: INTERSECCIONALIDADE, DIREITOS HUMANOS E CUIDADO EM SAÚDE (TODOS OS DIAS)
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41754 - HOMENS FALTOSOS E HOMENS QUE SE AFETAM: PRÁTICAS DE SAÚDE E BIOTECNOLOGIAS QUE PERFORMAM HOMENS LÚCIO COSTA GIROTTO - UNIFESP, RICHARD MISKOLCI - UNIFESP, PEDRO PAULO GOMES PEREIRA - UNIFESP
Apresentação/Introdução Este relato está ancorado em uma pesquisa etnográfica sobre biotecnologias, práticas de saúde e masculinidades. Nela acompanhamos dois serviços de saúde que atendem homens transexuais e não-trans: um ambulatório de andrologia e um centro cirúrgico de mamoplastia masculinizadora. Aqui traremos duas cenas de dois homens e compararemos, biotecnologias e práticas de saúde que performam homens.
Objetivos Comparar masculinidades performadas em encontros com biotecnologias e praticas de saúde em dois serviços de saúde
Metodologia Trata-se de uma etnografia que acompanhou o cotidiano de dois serviços de saúde que atendem homens durante um ano e 6 meses, de 2020 a 2021. Os serviços eram um ambulatório de andrologia que atende homens com disfunção erétil e um centro cirúrgico de mamoplastia. Fizemos uma análise simétrica das masculinidades, ou seja, colocamos nossa atenção tanto nos humanos como nas biotecnologias. Descrevemos, portanto, masculinidades híbridas: nem totalmente naturais ou artificiais. Os dados foram produzidos por meio de observação participante e entrevistas livres com profissionais de saúde e homens que frequentavam os serviços de saúde.
Resultados Durante a pesquisa nos aproximamos de vários interlocutores. Aqui, abordaremos dois deles. João, que fez uma cirurgia de prótese peniana e Jota que estava se preparando para fazer uma cirurgia de remoção de mamas. O primeiro é um homem não trans, que tinha certeza que sua prótese peniana iria ajudá-lo a constituir uma família. Ele é diagnosticado com Disfunção Erétil. O segundo é um homem trans. Isolado na pandemia com sua esposa e sem precisar usar binder percebeu que a cirurgia é só uma peça de um quebra cabeça que parece não se fechar. Ele tem o diagnóstico psiquiátrico “disforia de gênero”. As teorias de corpo frente a biotecnologias mudam: uma vem na lógica de completar a outra de se afetar.
Conclusões/Considerações As masculinidades são performadas nos encontros de práticas de saúde, diagnósticos, desejos e biotecnologias. Porém essas relações não garantem masculinidades inteligíveis. Nas cenas que trazemos percebemos masculinidades que tentam se associar pela lógica da falta e também pela lógica do afetar. Podemos pensar práticas de saúde que ensinem homens a se relacionar com masculinidades múltiplas.
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