Sessão Assíncrona


SA13.1 - POPULAÇÃO LGBTQIA+: INTERSECCIONALIDADE, DIREITOS HUMANOS E CUIDADO EM SAÚDE (TODOS OS DIAS)

38550 - (SUB)NOTIFICAÇÕES DE VIOLÊNCIAS INTERPESSOAIS CONTRA TRAVESTIS E MULHERES TRANS
ADRIANA COSTA GIL - UERJ, RICARDO DE MATTOS RUSSO RAFAEL - UERJ, MERCEDES DE OLIVEIRA NETO - UERJ, VIRGINIA MARIA DE AZEVEDO OLIVEIRA KNUPP - UFF, DAVI GOMES DEPRET - UERJ, LUCIANE DE SOUZA VELASQUE - UNIRIO, SONIA ACIOLI DE OLIVEIRA - UERJ, MARIA EDUARDA DANTAS MESSINA - UERJ, KLEISON PEREIRA DA SILVA - UERJ, HELENA GONÇALVES DE SOUZA SANTOS - UERJ


Apresentação/Introdução
Apesar das violências serem amplamente debatidas por profissionais no mundo inteiro, quando as personagens são as mulheres trans, observa-se uma lacuna na produção de literatura que abarquem a temática. O Brasil é considerado um dos países mais violentos do mundo e que mais mata pessoas trans. Percebe-se que essas violências são subnotificadas pelo Sistema de Saúde.

Objetivos
Analisar as diferenças entre o perfil de violências íntimas notificadas na base de dados do SINAN em comparação com o observado no conjunto de Travestis e Mulheres Transexuais entrevistadas pelo projeto EVAS no município do Rio de Janeiro.

Metodologia
Trata-se de um estudo transversal que contou com duas bases de dados, sendo a primeira uma amostra de 139 mulheres do projeto EVAS e a segunda os dados obtidos através do banco SINAN. Foi realizado um linkage probabilístico entre os dois bancos de dados, a base observada (EVAS) e a notificada (SINAN).

Resultados
Através do EVAS foi possível aferir que a violência interpessoal apresentou prevalência de 82,35% (IC95%: 74,91-87,94). Após o linkage com o SINAN, a prevalência observada foi de 2,94% (IC95%: 1,09-7,66). Foi possível verificar 19,12% de concordância e uma concordância esperada de 19,55%. O Índice Kappa resultou em -0,0054 (p-valor 0,652). Observou-se uma acuracidade de 3,51% (n=4/114) e, consequentemente, uma divergência de 96,49% (n=110/114) entre os eventos violentos observados entre as duas bases de dados. Não foram identificados resultados estatisticamente significantes na análise bivariada.

Conclusões/Considerações
O fato de ser travesti ou transexual parece ser um fenômeno de barreira ao processo de notificação pelos sistemas de saúde, aspecto que precisa ser enfrentado. Faz-se necessário sensibilizar os profissionais de saúde para as questões referentes ao gênero e sexualidade, a fim de capturar as violências vivenciadas por essas mulheres.