Comunicação Coordenada

24/11/2022 - 08:30 - 10:00
CC13.12 - SAÚDE MENTAL E DIVERSIDADE

39181 - VIVÊNCIAS EM UM GRUPO DE OUVIDORES DE VOZES NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
LORAINE OLTMANN DE OLIVEIRA - UFPR, SABRINA STEFANELLO - UFPR, GIOVANA FERREIRA DE FREITAS MIRANDA - UFPR, CHAYANNE FEDERHEN - UFPR, DEIVISSON VIANNA DANTAS DOS SANTOS - UFPR


Apresentação/Introdução
Os Grupos de Ouvidores de Vozes surgiram na década de 80 como ferramenta do Movimento Internacional de Ouvidores de Vozes, que luta pela desinstitucionalização, autonomia e respeito com relação às pessoas que ouvem vozes.
Em 2017 foi construído tal grupo em um Centro de Atenção Psicossocial, em uma parceria entre a pesquisadora, alunos de um projeto de extensão e usuários dos serviços em questão.

Objetivos
A pesquisa buscou compreender o que os participantes do grupo de ouvidores de vozes pensam acerca da vivência do grupo em si.

Metodologia
Tratou-se de pesquisa qualitativa, do tipo de pesquisa-ação. A pesquisadora era também trabalhadora dos locais de pesquisa. O local de pesquisa era um Centro de Atenção Psicossocial. Os participantes foram pessoas com mais de 18 anos, que estavam em tratamento no CAPS em questão, e participaram do grupo de ouvidores de vozes por pelo menos um mês. A coleta de dados foi realizada em 2020 com entrevistas em profundidade e acompanhamento do grupo com produção do diário de campo. As entrevistas foram audiogravadas e depois transcritas. Por fim, os dados foram analisados pela metodologia de análise do conteúdo.

Resultados
Foram realizadas 4 entrevistas e 1 reentrevista, com duração entre 15 a 45 minutos, dois homens e duas mulheres, com idade média de 50 anos e registro em diário de campo de 10 encontros do grupo.
Nos relatos os participantes descreveram os grupos como um espaço para conversar abertamente e socializar; não se sentiram mais sozinhos. Também correlacionaram o grupo a um espaço seguro, ao mesmo tempo funcionando como fonte de informação sobre a experiência de ouvir vozes. Exploraram inclusive o vínculo com a mediadora, afirmando-o como positivo. Surgiu um aspecto atribuído como negativo ao grupo que foi o fato dos participantes se sensibilizarem com algumas das histórias de vida compartilhadas.

Conclusões/Considerações
Pode-se concluir que o grupo de ouvidores de vozes se constitui enquanto espaço de reconhecimento, pertencimento e apoio para os participantes. Funciona como um lugar onde é possível recorrer aos participantes, incluindo mediadora, diante do incompreendido. Percebe-se assim que o grupo atua contra o isolamento, pois além de propor um sentido coletivizante para experiência de ouvir vozes, possibilita vínculos entre semelhantes.