40212 - ALTA PREVALÊNCIA DE GONORREIA E CLAMIDIA ENTRE ADOLESCENTES HOMENS QUE FAZEM SEXO COM HOMENS, TRAVESTIS E MULHERES TRANS INSCRITOS EM UMA COORTE DE PREP EM SALVADOR-BA. CAIO MARCELLUS PEREIRA DE ABREU OLIVEIRA - IMS-UFBA, GUIHERME BARRETO CAMPOS - IMS-UFBA, VALDIELE DE JESUS SALGADO - UESC, LUCAS MIRANDA MARQUES - IMS-UFBA, MARIA INÊS COSTA DOURADO - ISC-UFBA, LAIO MAGNO SANTOS DE SOUZA - DCV-UNEB, DANIELLE SOUTO DE MEDEIROS - IMS-UFBA, FABIANE SOARES GOMES - ISC-UFBA, ALEXANDRE DOMINGUES GRANJEIRO - FM-USP, MATEUS RODRIGUES WESTIN - UFMG
Apresentação/Introdução Neisseria gonorrhoeae (NG) e Chlamydia trachomatis (CT) são infecções sexualmente transmissíveis com altas taxas de prevalência no mundo. Estes patógenos afetam desproporcionalmente adolescentes homens que fazem sexo com homens (a-HSH), travestis e mulheres trans (a-TrMT). Nesta população, dados de prevalência, infecção por sítio anatômico e determinantes destas infecções são escassos no Brasil.
Objetivos O objetivo deste trabalho foi descrever a prevalência de infecção por NG e CT em estudo demonstrativo entre a-HSH e a-TrMT inscritos na linha base da coorte PrEP1519 em Salvador-Bahia, e verificar fatores sociocomportamentais associados às infecções.
Metodologia Estudo transversal com a-HSH e a-TrMT de 15-19 anos inscritos na linha de base da coorte PrEP1519 na cidade de Salvador-Bahia entre março de 2019 e fevereiro de 2021. Foram coletados dados sociocomportamentais e clínicos por meio de questionários e amostras biológicas de swab oral, anal e uretral. As amostras foram testadas por qPCR para a presença das bactérias. Foi conduzida análise das variáveis sociocomportamentais utilizando-se teste qui-quadrado de Pearson ou teste exato de Fisher. As razões de prevalência ajustadas foram estimadas por regressão de Poisson com variância robusta.
Resultados Foram incluídos 246 participantes, sendo 36 de 15-17 e 210 de 18-19 anos. A prevalência de NG foi de 15% (IC95% 11,07-20,09) e CT de 4,9% (IC95% 2,78-8,41). Coinfecção por NG e CT ocorreu em 0,4% (IC95% 0,24-0,79) dos participantes. Prevalências de 9,4%, 7,6% e 1,9% para NG e 1,2%, 2,4% e 1,9% para CT constavam em amostras orais, anais e uretrais, respectivamente. Para a presença de NG, os fatores associados à infecção foram: ter parceria sexual casual nos últimos três meses (RP=2,18; IC95%: 0,99-4,76), praticar relação sexual anal receptiva (RP=3,09; IC95%: 1,13-8,43) e uso de drogas antes ou durante a relação sexual (RP=3,00 ; IC95%: 1,48-6,09). Não houve fator associado à presença de CT.
Conclusões/Considerações Este é o primeiro estudo de prevalência destas infecções entre a-HSH e a-TrMT no Brasil, e indica alta prevalência geral e extragenital por NG e CT. A perda diagnóstica alta caso a testagem se limitasse ao sítio genital, reforça a necessidade da testagem em mais sítios anatômicos. A educação sexual continuada e aconselhamento baseado nas práticas sexuais dos adolescentes, como sexo anal protegido e uso de drogas, podem contribuir no autocuidado.
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