Comunicação Coordenada

24/11/2022 - 08:30 - 10:00
CC13.11 - IST/AIDS: HOMENS QUE FAZEM SEXO COM HOMENS

38661 - COPRODUÇÃO DE TECNOLOGIAS E SEXUALIDADE: AS PROFILAXIAS PÓS E PRÉ-EXPOSIÇÃO AO HIV SEGUNDO HOMENS GAYS NO RIO DE JANEIRO
SIMONE MONTEIRO - IOC/FIOCRUZ, MAURO BRIGEIRO - IOC/FIOCRUZ


Apresentação/Introdução
Dados da literatura apontam a ênfase das atuais respostas, globais e nacional, ao HIV/Aids nas estratégias centradas no tratamento como prevenção (incentivo ao teste regular do HIV, seguido do tratamento imediato das pessoas infectadas) e na oferta das profilaxias pré (PrEP) e pós exposição ao HIV (PEP), definidas pelo uso de medicamentos entre pessoas não infectadas, mas expostas ao HIV

Objetivos
Compreender os sentidos atribuídos por homens gays à PEP e PrEP, informado pelas reflexões sobre a produção mútua de artefatos tecnocientíficos contemporâneos e das enunciações e práticas sobre os corpos, o cuidado de si e o exercício da sexualidade

Metodologia
Trata-se de um estudo socioantropológico, fundamentado nas contribuições das ciências sociais para o campo da saúde coletiva. A investigação envolveu observações de serviços de oferta da PEP e da PrEP de cinco municípios da zona metropolitana do Rio de Janeiro e entrevistas individuais com 10 homens gays ou HSH, com experiência de uso da PrEP e/ou PEP, majoritariamente na faixa de 22 e 39 anos, autoclassificados brancos e com renda mensal de cerca de 1 a 26 salários-mínimos. As entrevistas, realizadas entre agosto e dezembro de 2019, abordaram perfil social; sociabilidade; discriminação; conhecimento, acesso e uso da PEP e PREP; práticas sexuais; gestão do risco e prevenção do HIV

Resultados
Os achados sugerem que os significados relativos ao uso dessas tecnologias biomédicas se articulam estreitamente à experiência sexual dos usuários, bem como tencionam definições como proteção de doenças e atendimento emergencial. Segundo os relatos dos entrevistados, a PEP tem um sentido de remediação e se associa às experiências de culpa, incerteza (durante os 28 dias da medicação) e de julgamento sobre as práticas de sexuais. Já a PrEP é vista como um recurso efetivamente preventivo, dado que seu uso pressupõe uma decisão racional de se antecipar a um risco de transmissão, sendo entendida como parte do autocuidado; além de remeter à ideia de liberdade sexual frente às preocupações com HIV.

Conclusões/Considerações
A produção de significados acerca da PREP e PEP envolve elementos da vida sexual associados aos códigos das relações afetivo e sexuais, da abordagem da sexualidade nos serviços de saúde e processos de diferenciação social decorrentes do uso. O estudo salienta o enraizamento social dessas estratégias biomédicas, as novas e velhas moralidades sexuais que se apresentam para seus usuários e a repercussão no alcance de seu sucesso preventivo